Cearense “Quando eu me Encontrar” e o peso da ausência.  

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Da mesma forma que o personagem Godot nunca dá as caras na clássica peça “Esperando Godot”, a jovem Dayane também jamais aparece no filme “Quando eu me Encontrar”. Pelo contrário: ela desaparece. E deixa um bilhete dizendo que foi embora, em busca de seus caminhos pela vida, como já sugere o título do longa. 

Por Celso Sabadin, compartilhado de Planeta Tela




É a partir desta ausência que se desenvolve “Quando eu me Encontrar”, produção cearense roteirizada e dirigida por Amanda Pontes e Michelline Helena.  

Não vemos Dayane, mas sentimos as consequências de sua saída de cena profundamente refletidas nas pessoas que com ela conviviam: um pequeno e afetivo microcosmo social formado por sua mãe, Marluce (Luciana Souza, ótima); a irmã mais nova, Mariana (Pipa); o noivo Antônio (David Santos); e a melhor amiga Cecília (Di Ferreira). 

São personagens firme e carinhosamente construídos que tentam – cada qual à sua maneira – prosseguir em seus novos cotidianos agora ressignificados com a ausência desta invisível protagonista. A cidade de Fortaleza se constitui no pano de fundo da trama.  

Estreantes na direção, as cineastas Amanda e Michelle buscaram trazer à tela personagens e dramas inspirados em experiências autênticas: “O filme fala de pessoas comuns, que vivem dramas cotidianos e que manejam suas vidas em meio aos percalços da vida real. Muita gente assiste e comenta conosco que se viu em algum personagem ou situação, então acreditamos que a conexão do público se dá justamente por se enxergar naqueles personagens”, concluem.  

E é exatamente a veracidade destes personagens o maior trunfo do longa. A direção naturalista e um elenco extremamente afinado atuando em registro realista conseguem logo nas primeiras cenas criar uma forte empatia com o público, que tem o caminho aberto para mergulhar numa história que se apresenta com grandes doses de humanismo.  

Vencedor dos prêmios de Melhor Filme e Melhor Roteiro pelo Júri da Crítica no Olhar de Cinema – Festival Internacional de Curitiba em 2023, “Quando eu me Encontrar” estreou em cinemas na última quinta-feira, 19 de setembro. O filme também foi exibido na Mostra Internacional de Cinema de São Paulo (2023); na Mostra de Cinema de Gostoso (2023);  no Cine Ceará – Festival Ibero-americano de Cinema (2023); no Festival de Cinema de Vitória (2023), onde levou os prêmios de Melhor Direção, Melhor Fotografia e Melhor Interpretação para Pipa; e no Festival Guarnicê de Cinema (2023), onde o elenco foi destaque, levando para casa os prêmios de Melhor Ator, Melhor Atriz, Melhor Ator Coadjuvante, Melhor Atriz Coadjuvante e, por último, Melhor Direção de Arte. 

Quem dirigiu  

Amanda Pontes formou-se na Escola de Audiovisual de Fortaleza – Vila das Artes. É realizadora, roteirista, produtora e editora. Michelline Helena formou-se no Instituto Dragão do Mar em Dramaturgia e Audiovisual. Atua no audiovisual há mais de 15 anos como roteirista, realizadora, produtora e assistente de direção.
Juntas, dirigiram o curta “Do Que Se Faz de Conta” (2016), o documentário “Topofilia” (2017) e o curta “Oceano” (2018). “Quando Eu Me Encontrar” é o primeiro longa-metragem dirigido pela dupla.

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