Em seu livro “A Capital da Vertigem”, Roberto Pompeu de Toledo faz um interessante relato sobre como a cidade de São Paulo viveu um gigantesco congestionamento na noite de inauguração do Theatro Municipal, em 12 de setembro de 1911. De acordo com Toledo, um dos maiores motivos do congestionamento foi o fato de nenhum – absolutamente nenhum – dos convidados para a inauguração do Municipal ter tido a iniciativa de descer de seus carros (na época, puxados a cavalo e comandados por um cocheiro) e se dirigir ao teatro caminhando, por menor que fosse a distância que separasse a carruagem, presa no congestionamento, e a porta do Municipal. Seguir a pé “seria escandaloso”, escreve.
Após a inauguração, o fato se repetiu: os convidados demoraram horas para sair do teatro porque se recusavam a caminhar a pé, poucos metros que fossem, para encontrar seu carro e seu cocheiro. Era imperativo que a carruagem estacionasse exatamente na porta do teatro, para que seu dono pudesse nela entrar e, só aí, seguir viagem. É incrível como tem coisa que não muda nunca, né?