Por Michel Chebel Labaki, engenheiro, no Facebook
Estou em São Paulo num trabalho temporário por um mês, andando de ônibus e metrô, observando as pessoas e como elas interagem nesta cidade.
A pressa de todo mundo é grande, deve ser alguma patologia. As escadas rolantes no metrô, não são para quem as utilizam para não se cansar muito. É para aumentar a velocidade. Quem utiliza as escadas rolantes como escadas rolantes simplesmente tem que ficar do lado direito. No lado esquerdo há avisos do próprio metrô, para deixarem o lado esquerdo livre para os apressadinhos.
Tive a paciência de fazer um cálculo. A velocidade de uma escada rolante em média é de 30 metros por minuto. A velocidade de uma pessoa subindo uma escada normalmente é de 60 metros por minuto. Somando-se as duas velocidades, o cidadão que sobe uma escada rolante andando como se fosse uma escada normal consegue ir a 90 metros por minuto. Isto fará com que ele chegue ao seu destino com 45 segundos de antecedência, considerando-se umas 4 escadas rolantes no total. Muito útil mesmo.
Mas, quem sou eu para ir contra a decisão de uma pessoa de subir pelo lado esquerdo e ficar reclamando se alguém está lá parado esperando a escada rolante fazer o seu trabalho?
Por outro lado, a sabedoria popular tem que ser respeitada. Tenho ido da estação Morumbi na linha amarela até a estação Saúde na linha azul. Tenho duas opções. Pegar a linha amarela, descer na Paulista, pegar a linha verde até a estação Ana Rosa e depois a linha azul até a Saúde. Ou continuar até a estação da Luz e de lá pegar a linha Azul até a estação Saúde.
A sabedoria popular diz que é melhor ir até a Luz. Para mim não fazia muito sentido, mas resolvi testar as duas formas. Fazendo o trajeto Morumbi – Luz – Saúde levo 43 minutos.
No trajeto Morumbi – Paulista – Ana Rosa – Saúde levo 45 minutos. Ou seja, a sabedoria popular está certa.
Outra coisa que admiro são os ambulantes, que desafiando as regras do metrô, entram nos vagões em horários em que conseguem fazer o seu trabalho e vendem. Vendem capinhas de celulares, fones de ouvido, chaveirinhos e outros objetos. Não vejo muita gente comprar, eu não compro, não consigo comprar alguma coisa assim, nem que seja para ajudar o vendedor.
Já vi também músicos. Outro dia um rapaz com um violão, tocou e cantou uma composição dele, tipo uma valsinha, colocou um chapéu no chão, e pediu uma contribuição pela apresentação da música. Fui o único naquele horário que contribuiu com o músico. Tenho mais facilidade de contribuir com um músico que toca num vagão de metrô, do que com um vendedor de capinhas de celulares. Principalmente porque achei a música bonita.
Coincidiu de eu descer na mesma estação do que ele, e tive a oportunidade de perguntar se ele conseguia viver assim. Ele respondeu todo sorridente e simpático que sim.
Outra coisa que observo é os jovens e as jovens que as vezes me oferecem seus lugares para eu sentar, quando os lugares para idosos já estão ocupados.
Fico sempre muito feliz. Se eles oferecerem, vou fazer a viagem sentado. Se eles não oferecerem é porque me acharam em forma e aí eu fico feliz do mesmo jeito.
Só reclamo quando eles não dão o lugar para alguma senhora usando bengalinha. Mas quase nunca é necessário, as pessoas são solidárias com as velhinhas e velhinhos que se utilizam de bengalinhas.
Obs: Titulo do Bem Blogado
