Semana passada recebi do Tião Cabo Verde uma gravação preciosa: a de um sarau que houve em casa no início dos anos 90.
Foi um sarau sem paralelo.
Começou elas circunstâncias. Estava sozinho em casa com a caçulinha Luizinha, quando Raphael avisou que passaria por São Paulo. Combinamos o sarau.
No sábado fomos ao seu show. No domingo, pedi ajuda das irmãs, que me mandaram um panelão de quirera e outro de feijão gordo. A Luizinha ficou incumbida de receber as visitas enquanto eu recepcionava os músicos.
A rodada começou na casa do Guttenberg, o Baiano, boêmio militante e meu vizinho. Lá estavam o seu João Macambira, na época o melhor bandolinista de São Paulo.
De lá fomos para minha casa. E as visitas começaram a chegar e não paravam mais.
Entre os músicos, o Charles da Flauta e seus irmãos, Luizinho Sete Cordas, filho e esposa, a família Macambira, Nelsinho Risada, nosso inesquecível cavaquinho, o negão Almeida, o Murilo, que fundou o Bar do Alemão. Apareceram os músicos do excelente Garganta Profunda, entre eles o inesquecível maestro Marcos Leite.
Apareceram muitos mais. O comandante Rolim trazendo com ele o Olacyr Moraes e sua Miss Brasil. E nossa turma, o Aluizio Maranhão, a Tutu, Débora, Tião. No final da tarde apareceu a família do Raphael em peso.
Nunca se viu sarau igual. Raphael em um momento de tranquilidade esbanjando o talento gigantesco, e sendo secundado pelo gênio de Charles, do seu João Macambira, do Luizinho.
A panela de quirera não deu nem para o começo. Lá no meio da tarde, Olacyr foi flagrado abrindo a geladeira e garantindo o último cacho de uva que restava.
PS – O senhor de barbicha e cabelo branco que aparece no sofá é o grande artista plástico Maurício Nogueira Lima, já falecido.