Publicado em Estante Virtual –
Um dos escritores mais combativos à ditadura militar, completaria 100 anos no dia 26 de janeiro.
Antonio Callado foi um escritor e jornalista brasileiro que utilizou a literatura como uma importante ferramenta de resistência cultural. Ele harmonizava como poucos a ficção com questões políticas de seu tempo. Seus romances podem hoje ser lidos também como valiosos documentos sociológicos para entender a sociedade e a política do Brasil dos anos 50, 60 e 70. Os livros Quarup (1967), Bar Don Juan (1971) e Reflexos do baile (1976) são grandes obras daquele período.
Como jornalista, ele trabalhou em importantes veículos do Brasil, Inglaterra e França. Callado foi uma pessoa extremamente apaixonada pelo país e que, por se opor à ditadura, foi duas vezes detido. Em 1975, decidiu trocar a rotina das redações para se dedicar profissionalmente à literatura. Ele escreveu nove romances, seis livros-reportagem, sete peças de teatro, um livro de contos e um ensaio biográfico.
Callado recebeu várias condecorações e prêmios, no Brasil e no exterior. Em 1994, foi eleito para a Academia Brasileira de Letras. Morreu dois dias depois de completar 80 anos, em 28 de janeiro de 1997. “Quarup”, sua obra mais famosa, conta a história de um padre que sonha com uma sociedade igualitária e que no fim acaba aderindo à luta armada. Confira abaixo seus principais livros!
A Madona de Cedro, de Antonio Callado
Segundo romance na cronologia da obra de Antonio Callado traz, como em Assunção de Salviano, o tema religioso, contando a história de Delfino Montiel, comerciante de peças de pedra-sabão em Congonhas do Campo que vive o drama da tentação do crime de roubo, por fim cometido, e o arrependimento tardio, que o leva à purgação do pecado com a penitência dolorosa imposta pelo padre confessor.
Reflexos do baile, de Antonio Callado
Reflexos do baile conta a história do sequestro de um embaixador, prática comum à época, durante um baile de gala. A narrativa evidencia a necessidade do autor de levar informação ao público, qualquer semelhança com a realidade não é mera coincidência. O romance é contado a partir de bilhetes e fragmentos de cartas escritos durante o período do sequestro, construindo uma trama de segredos, mistérios e codinomes.
Sempreviva, de Antonio Callado
Quinho, exilado político, volta ao Brasil clandestinamente para tentar descobrir os detalhes do assassinato de duas ativistas políticas, durante a ditadura militar. Atormentado pela lembrança da namorada, também presa e morta pela repressão, tenta, ao mesmo tempo, refazer sua vida pessoal.
Quarup, de Antonio Callado
Considerado pela crítica uma das obras mais representativas do Brasil após a instauração do Regime Militar, Quarup retrata através seu protagonista Nando, o retrato de um país em conflito.
A revolta da cachaça, de Antonio Callado
Uma homenagem a Grande Otelo, a peça é uma brilhante metáfora da condição do negro no Brasil, e compõe, juntamente com O tesouro de Chica da Silva, Pedro Mico e Uma rede para Iemanjá, o Teatro Negro de Antonio Callado: rico, corajoso e solidário, um marco na história da dramaturgia brasileira.