Segundo associação do ramo de cervejarias, dívidas chegam a R$ 30 bilhões
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A cervejeira Ambev, que pertence ao mesmo trio de empresários donos da Americanas, pode estar com dívidas bilionárias parecidas com as da varejista. O rombo estimado é de R$ 30 bilhões.
A informação é da Associação Brasileira da Indústria da Cerveja (CervBrasil) e foi divulgada nesta quarta-feira (1º) pela Veja. Segundo o órgão, que representa cervejarias menores, a Ambev tem dívidas com impostos federais, estaduais e municipais.
O diretor-geral da CervBrasil, Paulo Petroni, diz que:
- Relatórios de fiscalização da Receita Federal mostram “bilhões e bilhões de ilícitos tributários cometidos pelos fabricantes de concentrados de refrigerantes na Zona Franca de Manaus”;
- Esses documentos são desde, pelo menos, 2017;
Conforme apurado pela Veja, no entanto, os balanços da Ambev não registram essa quantia cobrada pela Receita Federal.
Descoberta. A suposta dívida da empresa foi descoberta por meio de um estudo da consultoria AC Lacerda, contratada pela CervBrasil.
A Associação acusa a Ambev de inflacionar os preços dos componentes usados na produção de refrigerantes, passíveis de isenção e geração de créditos fiscais na Zona Franca de Manaus. Dessa forma, a empresa estaria acumulando mais créditos tributários do que teria direito, lucrando mais.
Rombo na Americanas. A Ambev pertence à AB-INBev, cujos acionistas – Jorge Paulo Lemann, Marcel Telles e Carlos Alberto Sicupira – são sócios da 3G Capital, controladora das Americanas.
Recentemente, a varejista se viu em meio a uma crise que fez com que suas ações despencassem na Bolsa e tivesse que recorrer à ajuda da Justiça. Isso porque, em 11 de janeiro, informou ter encontrado “inconsistências contábeis” de R$ 20 bilhões nos balanços de 2022 e de anos anteriores. O problema ocorreu com uma operação comum no varejo, chamada de “risco sacado”.
Nesse tipo de operação:
- A companhia pega financiamento com um banco para compra de material de fornecedores;
- O banco antecipa os recursos para o fornecedor;
- Em seguida, a varejista quita a dívida com a instituição financeira e paga juros pelo prazo do empréstimo.
O problema é que isso não foi devidamente reportado no balanço. O erro pode aumentar o grau de endividamento da companhia e dá margem, de acordo com cláusulas contratuais, à cobrança antecipada de dívidas.