Por Mário Marona, jornalista
Há pessoas que quando se vão abrem um vazio enorme em nossas vidas.
Não apenas por que as amamos, mas porque são referência de qualidades humanas raras, que para elas são naturais e que os demais precisam se esforçar muito para reproduzir.
Cristina Chacel é esta pessoa.
Para mim, sempre foi um parâmetro a ser seguido e imitado.
Numa vida que já posso chamar de longa — de vez em quando o desânimo me faz sentir longa demais — conheci pouca gente, e diria que talvez tenha dedos em excesso para contar em uma mão, que tivesse a honestidade, a dignidade e a generosidade da querida Chacel.
Tanta grandeza quase constrangia aqueles que, como eu, não a possuiam.
Mas era estimulante.
Embora nos encontrássemos raramente, Cristina Chacel era uma lembrança permanente.
Era dela que lembrava quando pensava num texto perfeito.
Era dela que lembrava quando pensava em integridade política.
Era obrigatório pensar nela quando se buscava um exemplo de coragem.
Também pensava nela quando queria lembrar de alguém bem humorado e capaz de me resgatar de pensamentos depressivos.
Vai ser difícil viver sem ter esta amiga por perto.
Imagino, então, o quanto será doloroso para o seu companheiro, Custódio, para os filhos e para os netos desta mulher que honrou a vida, dignificou sua passagem pelo mundo e alegrou todos que tocou com sua bondade.
Um beijo, amiga.