Chico Mendes, cujo assassinato completa 30 anos no próximo dia 22, deu a vida pelos direitos dos povos da floresta e deixou como legado a criação das reservas extrativista e o acesso à educação nos rincões da Amazônia.
A criação da Reserva Extrativista Chico Mendes, no Acre, tida como principal legado do líder seringueiro, conseguiu manter os trabalhadores em suas unidades produtivas com segurança. Mais do que isso: garantiu acesso a programas estatais de construção de casa, banheiros e a abertura e manutenção das escolas dos seringais, um sonho do líder seringueiro, que só aprendeu a ler aos 18 anos.
A luta capitaneada pelos seringueiros nos anos 1970 e 1980 por melhores condições de vida, muitas delas lideradas por Chico Mendes, rendeu diversos frutos positivos. Porém, apesar dos avanços, os trabalhadores ainda enfrentam sérias dificuldades para garantir a sobrevivência diária na floresta e muitos ainda têm a pobreza como principal oponente.
Os três primeiros narram a luta dos povos que habitam as reservas extrativistas para continuar sobrevivendo como trabalhadores e trabalhadoras da floresta, em tempos que o látex e a castanha rendem tão pouco financeiramente e que as leis que deveriam proteger os povos da floresta acabam os criminalizando.
O quarto e último episódio relembra quem foi Chico Mendes, com depoimentos exclusivos de pessoas que o conheceram e participaram dos “empates” organizados nos anos 1970. Ouça!
CAPÍTULO 1: NO SERINGAL DO SÉCULO 21
A falência da economia extrativista obriga os trabalhadores e trabalhadoras da floresta a tentarem aumentar seu número de cabeças de gado, único produto, além da madeira, com algum valor de mercado.
O rebanho bovino no estado cresceu 20% só entre 2006 e 2017, passando de 1,7 milhão de cabeças para 2,1 milhões, segundo o Censo Agropecuário do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Entretanto, cada animal representa um perigo maior de desmatamento da floresta.
Família do seringueiro Valtemir Silva Santos em sua casa na Resex Chico Mende
Quais os dilemas impostos aos povos que habitam as reservas extrativistas no século XXI? Ouça No Seringal do Século XXI, o primeiro capítulo da série Chico Mendes, a voz que não cala.
CAPÍTULO 2: A VIDA DAS MULHERES NO SERINGAL
Três décadas após as mobilizações seringueiras no estado, mulheres sustentam famílias com programas de transferência de renda e trabalho na agricultura.
O manejo madeireiro, atividade econômica importante na reserva, pouco inclui a comunidade e gera lucro apenas para latifundiários. O ônus social para as mulheres, porém, é grande.
Como as mulheres conseguem resistir contra a pobreza nos seringais do século XXI? De onde tiram forças para seguir lutando?
Ouça A vida das mulheres no Seringal, o segundo capítulo da série Chico Mendes, a voz que não cala.
CAPÍTULO 3: QUANDO A TRADIÇÃO VIRA CRIME
Devido a legislação da reserva, o que era um meio de subsistência se tornou crime ambiental.
Queima de pequenas áreas para abrir roçados, caça de animais para alimentação e derrubada de árvore para manutenção de casas rendem processos jurídicos e multas que chegam a R$ 80 mil.
Carros do Icmbio passam pela Resex Chico Mendes
Enquanto isso, ganham força a extração de madeira certificada e o agronegócio, atividades concentradas nas mãos daqueles com maior poder aquisitivo.
Ouça Quando a tradição vira crime, terceiro capítulo da série Chico Mendes, a voz que não cala.
O Seringueiro e sindicalista Osmarino Amancio
CAPÍTULO 4: O LEGADO DA RESISTÊNCIA
Com a crise, o governo ditatorial do início dos anos 1970 incentivou fortemente a ocupação dos seringais pela agropecuária. Sob o lema “integrar para não entregar”, financiou a tomada das terras por grandes fazendeiros de diversos estados, chamados “paulistas”, como conta o professor de antropologia da Universidade Federal do Acre, Manoel Estébio.
Castanheiras na Resex Chico Mendes
Ouça O legado da resistência, quarto e último capítulo da série Chico Mendes, a voz que não cala.
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FICHA TÉCNICA:
Reportagens: Sarah Fernandes | Apresentação e produção: Sarah Fernandes e Danilo Ramos | Fotos: Danilo Ramos | Edição: Daniela Stefano | Operação de áudio e sonorização: Jorge Mayer e Adilson Oliveira | Ilustrações: Lucas Milagres
Agradecimentos à geógrafa Pietra Cepero, Dercy Teles e Osmarino Amâncio.