O pedido de reconhecimento foi enviado por diversos grupos de clube do choro do país
Por Isadora Costa, compartilhado de GGN
O choro foi oficialmente reconhecido como Patrimônio Cultural do Brasil nessa quinta-feira (29), em decisão do Conselho Consultivo, órgão colegiado de decisão máxima do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan).
Diferentemente do material, o patrimônio imaterial – neste caso, cultural – se designa aos saberes culturais passados de geração a geração, e que são importantes para a criação de uma identidade cultural na sociedade.
Entre os saberes que integram a lista do patrimônio imaterial brasileiro estão a capoeira, o acarajé, o repente, o cordel, o samba de roda e o carimbó. Conheça outros aqui.
O pedido de reconhecimento foi enviado por diversos grupos de clube do choro, como o Clube do Choro de Brasília, pelo Instituto Casa do Choro do Rio de Janeiro, pelo Clube do Choro de Santos. Além disso, já circulavam pelas redes inúmeros abaixo-assinados requisitando o reconhecimento.
Em entrevista à Agência Brasil, o presidente do Iphan e do Conselho Consultivo, Leandro Grass, disse que o compromisso agora é tornar o choro ainda mais conhecido e amado agora que ele passa a ser objeto da Política do Patrimônio Cultural brasileiro.
“Significa que é um bem que dá orgulho, que representa a nação. É a primeira manifestação genuinamente brasileira anterior ao samba e que faz o nosso perfil, da alma profunda. Reúne influências da Europa, da África, cada região uma riqueza. Tudo isso se mistura e se transforma nesse ritmo”, explicou o músico e um dos fundadores do Clube do Choro de Brasília, Henrique Lima, conhecido com Reco do Bandolim.
O ritmo
O primeiro antecedente histórico significativo para seus processos de desenvolvimento é o surgimento das atividades de impressão musical a partir da década de 1830, que publicavam os chamados “ramalhetes”, coleções para piano contendo músicas de salão de grande popularidade na época, como valsas, polcas, modinhas e lundus.
Com a popularização do piano na vida urbana das capitais brasileiras, o comércio de partituras disseminou uma série de músicas europeias e outras que circulavam no atlântico, especialmente voltadas para a dança e saraus familiares.
Esse repertório se dividia em três categorias: gêneros ligados às diásporas africanas no eixo Brasil-Portugal (como fados, lundus e modinhas); gêneros de danças de salão europeias (como polcas, valsas, schottisches, quadrilhas); e gêneros relacionados às diásporas africanas no eixo América Espanhola e Europa (a habanera, o tango e a contradança).
O Choro é resultado das transformações e das criações realizadas pelas classes populares urbanas no final do século XIX a partir desses três grandes grupos de repertório.
Nesse processo, os músicos brasileiros incorporam instrumentos de tradição portuguesa, como o cavaquinho e o violão, que eram próprios dessas camadas populares.
De acordo com o Iphan, o termo “choro” nasce da maneira chorosa de se tocar as músicas estrangeiras no final do século XIX e seus apreciadores chamavam a manifestação cultural de “música de fazer chorar”.
Saiba mais sobre o Choro no Dossiê para instrumentação técnica do Processo de Registro do Choro como Patrimônio Cultural do Brasil.