Cezar Bitencourt reafirma que Cid, como bom militar, tinha de estar alinhado “com quem assessorava”
Por Camila Bezerra, compartilhado de Jornal GGN
O advogado criminalista Cezar Bitencourt, novo advogado do tenente-coronel Mauro Cid, preso desde maio sob suspeita de ter praticado ilícitos em benefício do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), concedeu uma entrevista exclusiva ao GGN, na tarde de quinta (18), para explicar qual será a linha de defesa do seu cliente e família.
De acordo com Bitencourt, Mauro Cid é “altamente esclarecido, um homem que fez uma carreira brilhante [no Exército] e que tem essa preocupação: está disposto a proteger sua família, principalmente o pai”.
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A Polícia Federal encontrou provas de que o general Mauro Lourena Cid participou do plano para vender as joias presenteadas à União durante o mandato de Bolsonaro em lojas nos Estados Unidos. Na noite de quinta (18), o Supremo Tribunal Federal autorizou a quebra do sigilo de contas no exterior em nome dos dois militares e também de Jair Bolsonaro, via cooperação internacional.
Procurado pela família Cid, Cezar Bitencourt assumiu a defesa do ex-ajudante de ordens de Bolsonaro na terça-feira (15), após a renúncia de Bernardo Fenelon. Desde então, Bitencourt conversou com esposa e prima do militar, esteve com o próprio Cid na prisão do Exército em Brasília durante três horas na quarta (16), e tem um encontro agendado com o general Lourena Cid, patriarca da família, na próxima terça (22).
Evitar polêmicas
Durante entrevista ao jornalista Luis Nassif, Bitencourt reiterou que seu cliente fez um trabalho excelente enquanto assessor de Bolsonaro e, devido à formação militar, precisava “estar em sintonia com quem assessora” – ou seja, acatar as ordens de seu superior imediato.
“Se eu tenho um senhor a servir, vou servir da melhor forma o senhor”, exemplificou Bitencourt.
No emaranhado de fios que envolvem as denúncias contra o ex-presidente da República, Bitencourt afirmou que quer evitar polêmicas e também que “não é o cara que trabalha com delação premiada”, embora não descarte a possibilidade de usar do instrumento jurídico.
“A delação premiada, que critico, sempre critiquei, na minha concepção de delação premiada, é imoral, é antiética. É para constranger as pessoas e entregar seus parceiros. Eticamente, moralmente, é condenável. Hoje é um instrumento do STF [Supremo Tribunal Federal]. Se chegar a um ponto que não tenha alternativa, que eu precisar utilizar deste instituto, não deixarei de usar”, comentou.
Se a delação premiada é o plano B de Bitencourt, o plano A seria Cid confessar sua parte nos ilícitos, conforme revelou a revista Veja desta semana.
Responsáveis
Apesar do suposto envolvimento de Cid nas operações e ordens de Bolsonaro, Bitencourt acredita que o depoimento do hacker Walter Delgatti na Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) dos Atos Golpistas foi tão “demolidor” a ponto de não ser necessária a contribuição do ex-ajudante de Bolsonaro em um eventual julgamento.
“Com tudo o que está acontecendo lá, não precisa de nada do que tem cá para destruir o sujeito [Bolsonaro].”
Já sobre as suspeitas que recaem sobre Cid, o criminalista garantiu que a defesa apresentará “justificativas”. No caso das joias, disse que teria sido um “reapanhado”, que não há joias em nome do Cid ou do pai.
A respeito das movimentações financeiras suspeitas de Cid, que seriam incompatíveis com o salário de militar, o advogado atribuiu à venda de imóveis e disse que as autoridades vão apurar.
Assista a entrevista na íntegra: