Por Antonio Vergueiro*
Los Angeles impressiona no quesito cidade: enorme, com milhares e milhares de bairros, casas umas coladas nas outras, freeways, bulevares, ruas e ruelas. Na montanha, na praia ou no vale, em qualquer lugar se mora bem. Em qualquer lugar o asfalto é 100% e a segurança é 10. Em qualquer lugar tem encanamento, luz e o carteiro, não importa se você mora na mais alta montanha, acredite, ele chega.
As casas não têm grades, arame farpado, cerca elétrica ou caco de vidro. Tem murinhos de meio metro e as portas, que não são a prova de bala, ficam destrancadas. Chave na ignição do carro, porta da garagem aberta e ninguém tem medo de ser assaltado e, adivinhem, de fato ninguém é.
As calçadas não têm buracos (mas também não tem pedras portuguesas). Lixo? Só na lixeira. Ônibus não tem roleta e todo mundo paga a passagem. Todos podem ir a restaurantes, todos têm carro próprio e todos têm casa. Mendigos, sim tem alguns, que são veteranos de Guerra ou malucos. Quantos? Poucos e tenha a certeza de que não irão te assaltar.
Todas as crianças da montanha, da praia, do campo, do subúrbio ou do centrão, estudam em excelentes escolas públicas, pertinho de casa. Os professores aparecem na escola e, se faltam, sempre tem um substituto. Um não, três.
Na frente das escolas não tem faixa de pedestres, só placas avisando que crianças atravessam. Os carros, por mais apressados que os motoristas estejam, param. Ninguém nunca morreu atropelado por esse motivo.
A cidade está sempre em obra, com prédios de 20 andares construídos em um ano. Ninguém rouba material, superfatura construções. Para que roubar se pode fazer funcionar? Os donos das empreiteiras aqui de LA, acreditem se quiser, estão todos soltos, andando livremente pelas ruas. Também não roubam.
Ladrões são pegos e pagam o preço. Não saem da cadeia pior que entraram e nem são assassinados lá dentro. Cada cela cabe cinco e, adivinhem, têm cinco lá dentro, não 15 ou bem mais.
Favela não existe. Barraco também não. Mas bem, devo falar a verdade, Los Angeles não é perfeita. Essa cidade tem um problema igual ao do Brasil e do Afeganistão: aqui é muito quente.
*Antonio Vergueiro, nosso colunista com 16 anos, traça aqui uma cidade perfeita, uma cidade de anjos. Amém.