Uma descoberta que parece ter saído da ficção científica pode revolucionar o mundo como o conhecemos nos próximos anos. Isso porque um grupo de cientistas da Universidade do Texas, em Austin (EUA), desenvolveu uma enzima que decompõe o plástico em questão de horas.
POR GABRIEL PIETRO, compartilhado de Razões para Acreditar
O invento é tão revolucionário que poderia degradar bilhões de toneladas de plástico e limpar lixões inteiros em alguns anos.
Para quem não se lembra das aulas de biologia, como eu, que tive que dar uma pesquisada na internet, as enzimas são biomoléculas que atuam controlando a velocidade e regulando as reações que ocorrem, por exemplo, no nosso organismo. Elas são catalisadoras, ou seja, são substâncias capazes de acelerar a velocidade das reações químicas.
A enzima criada pelos pesquisadores se mostrou capaz de quebrar os componentes químicos do plástico em horas ou no máximo dia.
Batizada de “FAST-PETase”, o composto já nasce com o potencial de solucionar um dos maiores problemas ambientais do planeta: os bilhões e bilhões de toneladas de resíduos plásticos que a humanidade empilha em lixões e aterros sanitários mundo afora. Lixo esse que polui o nosso solo e ameaça nossos lençóis freáticos.
Em artigo publicado na revista Nature, uma das mais prestigiadas publicações de ciência do mundo, os pesquisadores explicaram que a enzima vai atuar especialmente no tereftalato de polietileno – o “PET” –, presente em garrafas de refrigerante e embalagens de biscoitos.
Primeiro, ela quebra o plástico em partes menores (despolimerização) e depois junta o que sobrou quimicamente de novo (repolimerização). Em alguns casos, o plástico se decompôs em partes simples em menos de 24 horas!
Como é feito?
Para usar todo o potencial das enzimas para degradar o plástico – e rapidamente! – os cientistas utilizaram hidrolases, biomoléculas que promovem a “cisão” (separação) de materiais orgânicos através do emprego da água.
Visando tornar esse processo mais eficaz, eles também contaram com uma mãozinha da Inteligência Artificial (IA) por meio de um algoritmo, e de bactérias, que geram mutações e degrada o plástico com mais facilidade.
Nessa primeira fase do projeto, a Universidade do Texas estudou 51 tipos de embalagens plásticas termoformadas e descartadas, 5 tecidos e fibras de poliéster diferentes e garrafas de água, todas feitas de PET.
Quando expostas à FAST-PETase, os materiais foram quase completamente degradados em 1 semana!
Outro feito impressionante foi acelerar a degradação dos plásticos em baixas temperaturas (algo muito difícil de acontecer), em dinâmicas abaixo dos 50º C.
Esperamos que essa tecnologia seja disponibilizada o mais rápido quanto possível, revolucionando a maneira como reutilizamos o plástico. O meio ambiente agradece!
Fonte: Gaúcha ZH