Cinco livros e cinco frases para lembrar de Henfil

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Por Rodrigo Espírito Santo, publicado em Estanteblog  –

O cartunista Henfil completaria 73 anos em 2017.

Henrique de Souza Filho (1944-1988), mais conhecido como Henfil, foi um cartunista, quadrinista, jornalista e escritor brasileiro. Nascido no dia 5 de fevereiro de 1944, em Ribeirão das Neves (MG), ele começou a carreira na “Revista Alterosa” e seu apelido foi uma invenção do editor Roberto Drumond, que juntou as primeiras sílabas dos nomes Henrique e Filho. Criador de personagens de histórias em quadrinhos, como os fradinhos Baixim e Cumprido, a ave Graúna, o bode Orellana, Capitão Zeferino e Ubaldo, o paranoico, o cartunista também foi um dos fundadores do Partido dos Trabalhadores.

A ave Graúna tornou-se um dos personagens mais famosos de Henfil. Analfabeta, mas ainda assim muito sábia. Seu criador a usava para criticar os problemas do Brasil: a desigualdade social, a indústria da seca, o coronelismo, o desmatamento — e até mesmo o milagre econômico propagandeado pelo regime militar. Além de fazer piada com o “Sul maravilha”, como dizia Henfil. É um exemplo do traço minimalista do artista. O corpo era composto basicamente por um ponto de exclamação.




Primeira tirinha da graúna publicada no Estado de São Paulo, no final da década de 80.
Primeira tirinha da Graúna publicada no Estado de São Paulo, na década de 80 (Via Instituto Henfil)

No dia 4 de janeiro de 1988, Henfil se foi vítima da Aids, no Rio de Janeiro. A doença foi contraída em uma transfusão de sangue. Hemofílico, ele tinha a saúde precária, assim como seus dois irmãos, Herbert de Sousa, o Betinho, e Francisco Mário. Uma maneira de manter sua história viva é ler sua obra. Conheça alguns títulos!


A volta do Fradim: Uma antologia histórica, de Henfil

“Morro, mas meu desenho fica”. A frase de Henfil não era apenas mais uma brincadeira: o genial humorista, morto precocemente pela Aids contraída em transfusão de sangue, permaneceu em seus desenhos. As histórias dos dois fradinhos continuam atuais. Irreverentes, irônicas, às vezes sangrentas e agressivas, elas retratam, infelizmente, um país que ainda assassina a lucidez e a independência e premia o corrupto, o incompetente, o que se curva e se vende.

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“Viver é uma tarefa urgente, porque amanhã é uma coisa que não dá pra pensar, não dá pra fazer planos, hoje é urgente, amanhã é a morte, ontem, graças a Deus, teve ontem!”

Urubu, de Henfil

Livro do cartunista rubro-negro, que oficializou o Urubu como mascote do time, rememora a fase áurea do atual campeão carioca Assim como o compositor de marchinhas carnavalescas Lamartine Babo era fanático pelo América, tendo inclusive composto o hino dos principais clubes do Rio de Janeiro, e o dramaturgo Nelson Rodrigues exaltava as glórias do tricolor carioca, o cartunista Henfil, rubro-negro de carteirinha, detalhou com seu traço indefectível os momentos inesquecíveis de seu time do coração.

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“Enquanto acreditarmos no nosso sonho, nada é por acaso.”

O rebelde do traço: a vida de Henfil, de Dênis de Moraes

A vida do cartunista Henfil, desde a sua infância até a sua luta contra a Aids, está na biografia O rebelde do traço, escrita por Dênis de Moraes. Comédia, drama e tragédia povoam as páginas do livro, repleto de fatos inéditos, que contam a trajetória de Henfil. Não faltam menções à sua passagem pelos porões da ditadura, os tempos polêmicos do Pasquim e a presença da Aids que o alcançou no início dos anos 80.

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“Se não houver frutos, valeu a beleza das flores; se não houver flores, valeu a sombra das folhas; se não houver folhas, valeu a intenção da semente.”

A Volta da Graúna, de Henfil

As aventuras engraçadíssimas de um trio impagável: a Graúna, o bode Francisco Orellana e o cangaceiro Zeferino, num Nordeste em que o sol inclemente e o coronelismo tentam impedir a vida e a felicidade. Histórias já clássicas, que sobreviveram aos fatos que as geraram, quando foram publicadas nas páginas de quadrinhos do Jornal do Brasil , do Pasquim e, já nos últimos anos de Henfil, no Caderno 2 de O Estado de S. Paulo.

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“Procuro dar meu recado através do humor. Humor pelo humor é sofisticação, é frescura. E nessa eu não estou: meu negócio é pé na cara. E levo o humorismo a sério.”

Como se faz humor político, de Henfil

A partir de uma encomenda de um livro sobre o humor político, Henfil, sempre muito atarefado, preferiu confiar ao amigo Tárik de Souza uma entrevista em que pudesse abordar o assunto. O resultado é esta obra densa, pertinente e atual. Revela os detalhes do ofício desse craque do humorismo político brasileiro que criou vários personagens clássicos, com os Fradinhos e a Graúna.

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“Não tenho medo da morte. Tenho medo é de avião.”

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