Por Washington Luiz de Araújo, jornalista
Um torturador, responsável por sumiço de corpos de militantes trucidados, contando com impressionante frieza como realizou seu “trabalho” sórdido é o tema do filme Pastor Claudio, de Beth Formaggini, que foi projetado no Restaurante Quintal da Regina, em Paquetá, 16 de agosto, pelo Cineclube PQT. Ex-presos políticos, que padeceram nas mãos de torturadores, estiveram presentes na projeção, vivendo momentos de extrema catarse.
A sinopse do filme resume bem o tema: “Um encontro histórico entre duas figuras pessoalmente antagônicas: o bispo evangélico Cláudio Guerra, responsável por assassinar e incinerar os opositores à ditadura militar brasileira, e Eduardo Passos, um psicólogo e ativista dos Direitos Humanos”.
Presente na projeção, a diretora do documentário, Beth Formaggini, falou da dificuldade de conviver por quatro horas com o torturador durante a filmagem e que, além disso, conviveu durante quatro anos com a imagem de Claudio Guerra, que na produção confessa não só ter contribuído para sumir com corpos de ativistas políticos como também ter matado a sangue frio.
Os ex-presos políticos sobreviventes de torturas, Francisco Mendes e Eunício Cavalcante, emocionados, debateram sobre a época em que viveram depois da projeção (vejam os vídeos).
Presentes no Quintal da Regina mostraram-se tocados com o que viram e ouviram, mas deixaram claro que o Brasil precisa conhecer esta tragédia que durou 21 anos, onde ditos seres humanos praticaram atos bem mais além do que um animal selvagem faria.
Vejam as fotos e vídeos:
Claudio Guerra fala da ligação dos criminosos do golpe com esquadrão da morte:
Eunicio Cavalcante relata como vê a figura de Claudio Guerra e fala sobre Davi Capistrano, vítima do hoje pastor, e de como foi preso:
Francisco Mendes e o pesadelo que o perseguiu por muitos anos. sequela das torturas:
Eunício Cavalcante fala como escapou das garras de Sérgio Paranhos Fleury, o todo poderoso chefe do Dops e um dos maiores carrascos da história do golpe: