Por Alceu Castilho, no Facebook, via João Lopes
Ciro Gomes alinha-se com uma das coisas mais terríveis que estão acontecendo no Brasil (pela violência real embutida): a demonização dos movimentos camponeses, aqueles que lutam pelo direito à terra.
Na entrevista a Roberto D’Ávila na Globo News, após um período bastante confuso, onde ele define as políticas públicas identitárias como algo “despudorado”, por se aproveitarem de uma moral “tolerante” do povo brasileiro, o candidato derrotado do PDT atacou explicitamente o MST.
Definiu o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra, com uma história complexa estudada em quatro cantos do mundo, como “os amigos do Lula”. E detonou o que chama de “invasões” de terra. Como já havia feito durante a campanha – sob o silêncio de um campo progressista que diz apoiar os povos do campo.
(Ou a causa da habitação urbana. Direitos elementares. Terra. Teto.)
Por que esse ataque ao MST e às ocupações é extremamente grave? Porque vivemos em um país – em boa parte grilado – onde camponeses, quilombolas e povos indígenas são expulsos de suas terras. Ameaçados, assassinados. Assim como líderes que os defendem. Ou Dorothy Stang e Chico Mendes defendiam o quê?
Ainda ontem eu repercutia aqui as declarações de Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), deputado mais votado da história. Dizendo que não vê problema nenhum em prender 100 mil sem-terra. Sob a perspectiva da criminalização desses movimentos sociais.
O que distancia as declarações de Eduardo – filho do presidente eleito – das declarações de Ciro? Se ambos criminalizam as ocupações, o que absolutamente não está previsto na legislação brasileira?
Já tinha sido horrível, Ciro dizer isso durante a campanha eleitoral .Após a eleição de Bolsonaro e nesse contexto fascista (sob o governo iminente desse que ele chama de “piloto”), torna-se absolutamente irresponsável. Cúmplice.
Não dá mais para fazer de conta que Ciro Gomes faz parte do campo progressista. Não espero muito dos manipuladores. Dos iludidos que não coloquem a teimosia à frente do sangue de milhares de brasileiros (e da implosão definitiva da reforma agrária), sim.