Reunião da sede da CNBB serviu para aprofundar articulação da Igreja Católica com movimentos sociais e centrais sindicais e debater formas de irradiar o debate sobre a “reforma”. Greve geral do dia 28 foi tema do encontro. Da RBA, com informações das centrais sindicais.
O bispo auxiliar de Brasília e secretário-geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), dom Leonardo Ulrich Steiner, recebeu o presidente da CUT, Vagner Freitas, o diretor nacional da CTB Paulo Vinícius Santos da Silva, o secretário-geral da Intersindical, Edson Carneiro, o Índio, e o dirigente do Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto (MTST) Vitor Guimarães. As tentativas de reformas promovidas pelo governo Temer foram o tema da reunião.
O encontro ocorreu na sede da CNBB nesta quarta-feira (5), em Brasília, e serviu como ponto de partida do diálogo entre as centrais e os movimentos sociais com a mais importante autoridade católica do país. Para o bispo, hoje a população precisa ter conhecimento das medidas que estão sendo tomadas pelos três poderes que comprometem as garantias já conquistadas desde a redemocratização. “É o momento de chegarmos nas pessoas pois a mídia não está possibilitando fazer com que a população entenda a gravidade do que está acontecendo e o que aparece nos meios de comunicação é muito favorável às reformas”, analisou Dom Leonardo.
Vagner Freitas pediu apoio da CNBB à greve geral que será organizada pelas centrais sindicais no dia 28: “Precisamos de apoio mais que político, humanitário! Hoje o aposentado é arrimo de família com o benefício da previdência, pois a maioria dos filhos e netos estão desempregados”. Vagner reafirmou que a nota da CNBB foi fundamental para alertar a sociedade dos malefícios da reforma da Previdência.
Para o representante da CTB, o país vive um momento grave de ataque à democracia que se expressa também nas medidas contra os trabalhadores. “Isso faz parte de um processo de desestabilização em toda América Latina”, observou
Paulo Vinícius. Índio, da Intersindical, disse que a Igreja tem capilaridade para aprofundar o debate. “É importante trazer elementos para a sociedade se proteger dessas medidas”, afirmou. E completou: “Foi uma ótima conversa. Obter o apoio da igreja é decisivo para a defesa dos direitos garantidos na Constituição.”
Dom Leonardo ressaltou a importância dos sindicatos e dos movimentos sociais para a defesa da democracia e dos direitos dos trabalhadores. O bispo se comprometeu, ainda, a levar à Assembleia Geral da CNBB, programada para 26 de abril a 5 de maio, o resultado da reunião como subsídio para redigir uma mensagem aos trabalhadores no 1º de Maio. Ele também manifestou preocupação com a situação dos povos indígenas, que ficaram ainda mais vulneráveis devido às medidas de desmonte das políticas indigenistas realizado pelo governo Temer.
Foto: Luciana Waclawosky/CUT