Por Vitor Nuzzi, compartilhado de RBA –
Entidade também se manifestou a favor do isolamento. E criticou “discursos e atitudes que negam a realidade da pandemia”
São Paulo – Ao final de sua 58ª Assembleia Geral, a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) divulgou mensagem chamando a atenção para o aprofundamento de uma crise não apenas sanitária, mas “econômica, ética, social e política”. Segundo a entidade, isso expõe “a desigualdade estrutural enraizada na sociedade brasileira” e acrescenta desafios. “Não podemos nos calar quando a vida é ameaçada, os direitos desrespeitados, a justiça corrompida e a violência instaurada”, afirmam os bispos. No documento, eles fazem referência à necessidade de isolamento, que também atinge a Igreja.
Sensatez e responsabilidade
“Nosso coração sofre com a restrita participação do Povo de Deus nos templos. Contudo, a sacralidade da vida humana exige de nós sensatez e responsabilidade”, afirma a CNBB. “Por isso, nesse momento, precisamos continuar a observar as medidas sanitárias que dizem respeito às celebrações presenciais.” A própria assembleia da entidade foi realizada remotamente.
A CNBB afirma ainda que os poderes da República, cada qual na sua especificidade, precisam conduzir o país conforme a Constituição, que aponta a saúde como “direito de todos e dever do Estado”. E criticam o pensamento negacionista. “São inaceitáveis discursos e atitudes que negam a realidade da pandemia, desprezam as medidas sanitárias e ameaçam o Estado Democrático de Direito”, dizem os bispos na mensagem.
Distanciamento, auxílio, vacina
“É necessária atenção à ciência, incentivar o uso de máscara, o distanciamento social e garantir a vacinação para todos, o mais breve possível. O auxílio emergencial, digno e pelo tempo que for necessário, é imprescindível para salvar vidas e dinamizar a economia, com especial atenção aos pobres e desempregados”, acrescenta a CNBB.
Primeiro vice da entidade e arcebispo de Porto Alegre, dom Jaime Spengler sustentou que a fé e a ciência devem caminhar juntas. “Um destaque todo particular vai para a solidariedade em meio a tanta dor e tanta morte. Diante desses fatos todos, nós, como igreja, como pastores, não podemos nos calar. É tempo de cuidar da vida, de promover a vida, a esperança, não pode esmorecer.”
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