Na próxima terça-feira (3), o Conselho Nacional de Justiça (CNJ) deve definir o futuro de Marcelo Bretas, juiz afastado da Lava-Jato no Rio de Janeiro.
Compartilhado de Diario do Centro do Mundo
foto: Marcelo Bretas, juiz afastado da Lava-Jato – Foto: Reprodução
A expectativa, segundo a Veja, é que juiz receba a aposentadoria compulsória, considerada a punição mais severa na esfera administrativa, devido a acusações de parcialidade, conluio com advogados, investigadores e investigados, além de suposto direcionamento de delações premiadas e interferência política.
As denúncias contra Bretas surgiram em 2021 e resultaram em seu afastamento, além da abertura de três procedimentos administrativos disciplinares. O advogado Nythalmar Dias Ferreira Filho foi um dos principais responsáveis por impulsionar as investigações ao acusar o juiz de orientar estratégias de defesa, perseguir investigados e negociar penas.
Outro elemento decisivo foi a colaboração do advogado José Antonio Fichtner, que relatou investigações clandestinas na vara de Bretas. Segundo ele, Nythalmar teria acesso antecipado e ilegal a quebras de sigilo e as delações seriam direcionadas para atingir determinados alvos. O CNJ então realizou uma correição extraordinária na vara para buscar provas dessas práticas.

Após ganhar notoriedade, Nythalmar se tornou um dos advogados mais procurados por réus da Lava-Jato, diante dos rumores de seu suposto tratamento privilegiado junto a Bretas. Durante busca e apreensão na casa do advogado, a Polícia Federal encontrou anotações sobre o funcionamento da força-tarefa e supostos casos de manipulação de colaborações premiadas.
Nythalmar também tentou firmar um acordo de delação, mas a proposta não foi homologada por falta de provas. Em seus relatos, ele afirmou que o verdadeiro alvo da força-tarefa liderada por Bretas era o Judiciário, e que havia pressão sobre colaboradores para citarem autoridades dos tribunais superiores.
Entre as acusações mais graves, o advogado mencionou que Bretas teria tentado interferir nas eleições do Rio de Janeiro em 2018, atuado para afastar Eduardo Paes da política e indicado a própria irmã para um cargo no governo de Wilson Witzel. Ele também afirmou que Bretas negociou diretamente a delação do empresário Fernando Cavendish e garantiu benefícios mesmo contra a vontade da Procuradoria-Geral da República.