Colégio Militar na Bahia considera cabelo crespo não “adequado às regras” e expulsa aluna de sala

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Alunas do Ensino Fundamental denunciam serem vítimas de racismo por não conseguirem seguir o código de vestimenta do colégio, que desconsidera cabelos crespos

Por: Maria Clara Andrad, compartilhado de Metro1




Para parte das estudantes do Colégio Municipal da Polícia Militar Dr. João Paim, no município de São Sebastião do Passé, a ansiedade da volta às aulas presenciais deu lugar a um sentimento de frustração. Alunas do Ensino Fundamental denunciam serem vítimas de racismo por não conseguirem seguir o código de vestimenta do colégio, que desconsidera cabelos crespos.

Na última segunda-feira (21), uma estudante de 13 anos foi impedida de acessar a aula porque o seu cabelo, que mesmo estando preso em um coque, não foi considerado “adequado às regras da escola”. Segundo Jaciara de Jesus Tavares, 31, mãe da menina, a justificativa foi dada por um funcionário da escola, militar reformado.

Expulsa da aula, Eloah Monique então voltou para casa e, aos prantos, mandou áudios para a mãe em que dizia que não queria mais retornar ao colégio. “Ela ainda usou o termo ‘o diabo desse cabelo’, falando de uma coisa que ela amava tanto”, lamenta a mãe da menina.

O caso não seria isolado. Jaciara afirmou ter ouvido diversos relatos similares vindos de outras mães. Uma outra aluna, de 14 anos, contou ao Metro1 que uma situação parecida aconteceu com sua irmã, da mesma idade. “A gente estava na escola, como minha irmã tinha um cabelo black ela não podia entrar. Aí expulsaram ela da escola duas vezes. Disseram que se ela viesse com aquele cabelo, não iam aceitar mais, falaram que era para ela procurar outra escola”.

Para Jaciara de Jesus, o pior de toda essa situação foi ter exposto a menina à insegurança. “Ele [o funcionário] não me comunicou que mandou ela para casa, não me avisou em momento nenhum. Ele colocou ela também numa situação de vulnerabilidade, sem contar o constrangimento”, considera.

A mãe agradece pelo fato de Eloah ter voltado para casa imediatamente e não ter sofrido nada na rua, mas se pergunta: “E se fosse uma criança que mora no distrito para fora? Imagina quanto tempo essa criança ficaria na rua esperando transporte”, questiona, se referindo aos distritos pertencentes a São Sebastião do Passé.

Jaciara registrou boletim de ocorrência na Delegacia Territorial de São Sebastião do Passé, que vai apurar a denúncia. O Coletivo de Entidades Negras (CEN) também está acompanhando o caso.

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