Publicado em Tijolaço –
Ricardo Noblat, que chamava Michel Temer até de “bonito”, escreve que seu governo subiu no telhado.
Josias de Souza os classifica agora com palavras que só destinava a Lula e Dilma: “A cúpula do governo vira chorume junto com a fina flor do PMDB. E Temer encontra-se perigosamente próximo do lixão para o qual a Lava Jato arrasta personagens como Renan Calheiros, Romero Jucá, Edison Lobão, José Sarney, Jader Barbalho…”
Mesmos os mais fiéis – Merval Pereira, Cantanhêde, entre outros – que ainda livram o presidente, “detonam” Padilha e pedem sua cabeça, o que é cortar as pernas de Temer.
Embora seu alinhamento seja o patronal, todos eles interpretam em algo o pensamento da classe média moralista – embora todos eles convivam com práticas totalmente imorais do ponto de vista da democracia, a de manipulação política.
Ela está espremida entre o antipetismo que desenvolveu e o bolsonarismo que viu brotar de sua mobilização. Marina e Aécio foram engolidos por essa radicalização, percebe-se.
O único que se resguarda, entre os tucanos, de mergulhar na promiscuidade com temer, é Geraldo Alckmin.
As próximas pesquisas mostrarão o crescimento de Lula e, do outro lado, o de Bolsonaro, embora ainda num patamar de inviabilidade. E, com isso, se acenderão mais luzes de alerta.
Mais ainda porque o país já não suporta mais viver mergulhado na crise e no medo.
Paulatinamente, estes fatores vai sendo o de maior influência na tendência de definição do voto.
Mostrar que pode ser o centro, o equilíbrio e que pode representar o fim da crise.
É uma tolice, própria de uma esquerda descolada da realidade popular – o fato de ser composta de gente boa e bem intencionada é irrelevante politicamente – achar que Lula deve apresentar-se como o candidato do “contra”, seja o contra Temer, Aécio, Bolsonaro ou Marina Silva.
Não é preciso dizer, como na expressão francesa “ça vas sans dire”: Lula tem um significado seu, aquilo que o velho Leonel Brizola chamava de “luz própria” e, a esta altura, é um gigante cercado de anões.
Para o desespero dos pretensiosos, o quadro que se vai desenhando é o do “bota o retrato do velho, outra vez/bota no mesmo lugar”.