Publicado em Carta Campinas –
O técnico de laboratório Sidnei Ramis de Araujo, que matou 12 pessoas na madrugada deste domingo (1º), em Campinas, debochava dos Direitos Humanos e tinha uma visão deturpada sobre o tema. Em texto também mostra machismo exacerbado e discurso fantasioso difundido pela extrema direita.
Em carta escrita por ele, disse que ao ir para a cadeia teria benefícios como comida, moradia e não precisaria trabalhar. “Vou ter representantes dos Direitos Humanos puxando o meu saco”, escreveu.
A visão do assassino é a mesma divulgada na televisão e em redes sociais por grupos de extrema direita, pela bancada da bala, inclusive por parlamentares, que tentam implantar e legalizar um clima de terror no país, semelhante ao período pré-nazista. Em trecho, a fantasia toma conta e ele diz: “Família de policial morto não recebe tantos benefícios com a família de presos. Cadê os ordinários dos direitos humanos? Estou sendo preso por ajudar bandidos né? Paizeco de bosta”. Só faltou defender um torturador.
Na carta, ele ataca também as mulheres e diz “não sou machista”. Mas o trecho o desmente e mostra um machismo exacerbado: “a vadia foi ardilosa e inspirou outras vadias a fazer o mesmo com os filhos, agora os pais é que irão se inspirar e acabar com as famílias das vadias. As mulheres sim têm medo de morrer com pouca idade”. Além disso, critica de forma chula a Lei Maria da Penha, que protege as mulheres: “Lei vadia da Penha”.
A Declaração Universal dos Direitos Humanos não é, como pensam muitas pessoas idiotizadas pela extrema direita, um legislação brasileira, mas um documento assinado por dezenas de nações após a Segunda Guerra Mundial. Na foto, a primeira dama dos EUA, Eleanor Roosevelt, mostra a declaração em 1949. Direitos Humanos é uma forma de proteger o cidadão contra abusos do Estado. E muitos cidadãos de classe média são beneficiados por políticas baseadas em direitos humanos.
O assassino também carregava consigo dez artefatos aparentemente explosivos. Sidnei Ramis de Araújo, de 46 anos, invadiu uma casa no Jardim Aurélia, em Campinas, interior de São Paulo, com os artefatos, um canivete e uma pistola nove milímetros. Foi com a pistola que Sidnei matou a ex-mulher, Isamara Filier, de 41 anos, o filho que tinham, João Victor, de 8 anos, e outras dez pessoas, durante as comemorações de réveillon. Dizimou várias famílias em nome da ‘família’.