Com milhões de votos encarcerados, Haddad é o representante do PT e do lulismo

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Carlos Eduardo Alves, jornalista, para o Bem Blogado

A campanha eleitoral começou. Não na condição legítima, já que dezenas de milhões de votos estão encarcerados em Curitiba junto com a maior liderança popular, a única aliás, do Brasil. Foi correta até agora a manutenção da candidatura de Luiz Inácio Lula da Silva, que miseravelmente será barrada no tapetão daquilo que despudoradamente chamam de Justiça, na verdade um aglomerado de togas parciais.




Mas a semana trouxe boas notícias e perspectivas para o campo popular. A divulgação de três pesquisas, duas delas as mais relevantes no país, trouxe um resultado unânime: Lula disparou e venceria todos de lavada em eventual segundo turno, se ocorresse, já que sua vantagem é tal que seria possível liquidar a fatura em 7 de outubro mesmo.

Além disso, a rejeição do ex-presidente diminuiu consideravelmente. Se analisarmos a conjuntura em que foram extraídos esses dados não há como fugir do óbvio, ou seja, Lula é um fenômeno no coração dos brasileiros, principalmente entre os mais pobres. Apanhando sem dó há anos, todos os dias, da grande mídia, resistiu e desmoralizou a campanha e a aposta de que o sepultariam politicamente.

Ok, está tudo ótimo, mas não o deixarão concorrer. O que fazer? O desafio está estará agora com as forças progressistas, mais especificamente com PT e PC do B. Se o PT conseguir transferir para Fernando Haddad um pouco mais do que a metade dos votos de Lula hoje, dificilmente o ex-prefeito não estará no segundo turno representando o ex-presidente. O cálculo é conservador. Existem outros, como o que aponta que se dois terços dos 29% que se declaram petistas no Ibope cravarem 13 na urna não há como o ex-prefeito não chegar ao segundo turno.

As famosas condições objetivas estão dadas para passar o sarrafo do primeiro turno. Mas existem tarefas, para o PT e para Haddad. É necessário que o partido vista a camisa do candidato. Não é hora mais de fazer beicinho para a indicação de Lula, como alguns, muito cá entre todos, ainda fazem. Haddad é o representante do PT e do lulismo, que é maior ainda na população. Existirão obstáculos práticos que envolvem a popularização da chapa Haddad-Manuela.

Haverá pouco tempo para isso (sempre lembrando que a campanha será mais curta do que as anteriores). Embora lidere também em outras regiões, o voto dos que gostam de Lula está concentrado principalmente nos Estados nordestinos, incluídas aí pequenas cidades em que a realidade de redes sociais não é a mesma dos grandes centros.

Haddad já começou a percorrer a região, mas é preciso que a militância e os candidatos do partido e aliados locais façam as suas campanhas coladas à nacional. Não será fácil, mas é possível e factível.

E o que cabe a Haddad? Em primeiro lugar, deixar claro que ele é o candidato do lulismo e seu legado de conquistas sociais. O virtual candidato tem uma folha de bons serviços e uma capacidade intelectual indesmentível, mas só terá chance se deixar claro esse compromisso. Mais ainda: na defesa de um preso político, Haddad deve ser assertivo e deixar claro que, eleito, garantirá a liberdade para Lula. Não é hora de fazer concessões ou esconder isso.

A Democracia no Brasil não comporta a vida em cela de seu maior líder popular. O programa de governo , já coordenado pelo ex-prefeito, é um avanço na comparação com os anteriores e sela o compromisso da chapa com a prioridade absoluta aos mais pobres, aqueles que dependem sim do Estado.

Não há garantia alguma de que tudo vai dar certo. Existe, reconheçamos, o avanço grande do fascismo de um lado e, próximo deste no espectro político, o caminhão de dinheiro, de mídia e de tempo de TV para Alckmin, ainda o postulante de preferência do mercado. Mas é verdade também que a situação é bem melhor agora, apesar da manutenção do cárcere de Lula.

Grande parte da campanha incessante e desonesta contra o ex-presidente redundou em fracasso. O povo pobre está cotejando o desastre atual gerado pelos gol pistas com as administrações populares de inclusão social. Levar esse projeto ao segundo turno, lutar por ele, é obrigação. Sim, é possível.

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