Publicado no Jornal GGN –
Em 1962 a Globo associou-se ao grupo Time-Life, em um momento em que as redes norte-americanas tentavam se internacionalizar. Recebeu cerca de US$ 6 milhões, a dólares da época, e um know-how imbatível de operação.
Foi beneficiada por uma CPI conduzida por João Calmon, dos Diários Associados, que levou os gringos a venderem sua parte. O próprio Roberto Marinho adquiriu com financiamento do Banco Nacional autorizado por José Luiz de Magalhães Lins.
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Em 1980 as verbas publicitárias para a televisão já representavam 85% do total de tudo o que se anunciava no país. Sobravam 15% para a rapa. Desses 85%, a Globo ficava com 85%, contra 11% da TV Tupi e 4% das demais emissoras.
O modelo comercial e político, os pactos com o mercado publicitário, tudo foi tão bem sucedido que a Globo sempre conseguiu fatias de publicidade superiores aos seus índices de audiência.
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Em agosto passado, a Abert (Associação Brasileira de Empresas de Rádio e Televisão) estampava os indicadores favoráveis: no primeiro quadrimestre o meio TV recebeu 70% das verbas publicitárias. Cresceram também o rádio, a TV por assinatura e a mídia exterior.
Quem perdeu: Guias e Listas, com queda de 32%, Revista, que caiu 10,1% e Jornal, que caiu 6%.
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A Globo domina amplamente a TV aberta, tem presença forte na TV fechada, amplo predomínio no rádio, boa presença no mercado de revistas, um dos três jornais mais influentes do país e presença fortíssima na Internet.
A Abril se esvai em sangue. Há informações fidedignas na praça de que a família Civita conferiu mandato a dois bancos para vender a revista Veja. Há anos o Estadão busca um comprador. A Folha caminha para ser um braço da UOL – cujo modelo de negócio está cada vez mais focado em prestação de serviços tecnológicos. O Valor tenta se equilibrar com eventos e edições especiais, mas sua tiragem caiu abaixo dos 50 mil.
Todos esses grupos são vítimas dos novos tempos, sim, mas principalmente da Globo, cujo modelo monopolista atuou como um super aspirador das verbas do mercado.
Em tese, esses grupos seriam os maiores beneficiários de uma regulação econômica da mídia, assim como a imprensa regional e os novos jornais e sites na Internet. No entanto, as maiores resistências a essa regulação econômica partem justamente deles. Como se explica?
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Se vivo fosse e à frente da Folha, Otávio Frias certamente estaria comandando uma campanha pela regulação econômica da mídia. Já o filho comanda uma campanha contra… blogs. Os Mesquita estariam na mesma trincheira, como estiveram por ocasião do acordo da Globo com a Time-Life.
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A Globo conseguiu montar um clima de guerra, de luta contra o tal bolivarianismo, em que ela foi a grande vitoriosa. Invoca-se o fantasma de Hugo Chaves para interditar o debate sobre a regulação econômica da mídia.
Meses atrás, um dos interlocutores dos irmãos Marinho relatava sua preocupação com o enfraquecimento acelerado de seus parceiros. Abril, Estadão e Folha não apenas davam respaldo político à vocação monopolista da Globo, como eram os álibis para quem apontava concentração excessiva de mercado.
A trama conspiratória do bolivarianismo conseguiu iludir o eleitor, o leitor, o telespectador. E, no caso dos demais grupos, também o editor.