Por Marina Andrade, compartilhado de Ultrajano –
Os donos da caneta, todos de barriga cheia, assistem à sociedade civil organizada preencher as lacunas de um estado dizimado pela gestão de Jair Bolsonaro e família. O sabor da lagosta na mesa Palácio da Alvorada contrasta com o vazio das despensas nos lares urbanos, interioranos, ribeirinhos e rurais do Brasil
O fim do auxílio emergencial, pago durante o ano de 2020 em razão da pandemia de coronavírus, escancarou o problema da fome nos quatro cantos do país. O crescente número de cidadãos na linha miséria ‒ estima-se 68 milhões de brasileiros vivendo em condições alimentares indignas – obrigou o governo federal a retomar a renda básica: mínimo de R$ 150 para uma pessoa.
Os valores estabelecidos para esta nova rodada de pagamentos, no entanto, ainda não estão disponíveis para saque. O método desenvolvido para a distribuição da ajuda financeira, seguindo o mês de nascimento do beneficiário, desconsidera a urgência da fome: um nascido em dezembro, por exemplo, só terá acesso ao dinheiro no mês de junho de 2021.
A disparada de preços dos itens da cesta básica, atualmente com alta em 13 estados e custo de 60% de um salário mínimo nacional, segundo os dados do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), faz com que o novo auxílio permita, em média, adquirir apenas ¼ dos alimentos essenciais para a sobrevivência. O mesmo estudo aponta que Salvador é a capital com o menor preço, R$ 461,18. Na capital baiana, mesmo com custo reduzido, o auxílio emergencial não chega a comprar 1/3 da cesta básica.
Os donos da caneta, todos de barriga cheia, assistem à sociedade civil organizada preencher as lacunas de um estado dizimado pela gestão de Jair Bolsonaro e família. O sabor da lagosta na mesa Palácio da Alvorada contrasta com o vazio das despensas nos lares urbanos, interioranos, ribeirinhos e rurais do Brasil. Rodeado pela fome, faceta mais cruel da pobreza extrema, Renê Silva, idealizador do jornal Voz das Comunidades, deu início ao projeto Prato das Comunidades.
Até julho de 2020, com apenas dois meses de atuação, a iniciativa já havia distribuído mais de 50 mil quentinhas. A ONG tem uma equipe dedicada com mais de 20 profissionais, entre cozinheiras e entregadores. No início da pandemia, o grupo distribuía até mil pratos por dia no Complexo do Alemão, no Rio de Janeiro. Com o agravamento da situação, e diante da eficiência do projeto, as arrecadações permitiram ao Prato das Comunidades alcançar maiores distâncias.
Em fevereiro de 2021, a equipe desembarcou no Acre, estado do Norte com decreto de calamidade pública, para mobilizar a arrecadação e distribuição de alimentos para cerca de 130 mil famílias em condições de insegurança alimentar. O Prato das Comunidades passou também a doar cestas básicas direto às famílias mais necessitadas. É a atual meta da ação social, que registrou uma diminuição preocupante das doações financeiras durante o mês de março.
Para colaborar com o trabalho da equipe do Prato das Comunidades, as pessoas podem destinar qualquer valor ao projeto.
Pagamento via PIX:
PIX: CNPJ 21.317.767/0001-19
Via depósito bancário:
Banco: Caixa Econômica Federal
Agência: 0198
CP: 25173-9
Operação: 013
ONG VOZ DAS COMUNIDADES
CNPJ 21.317.767/0001-19
Mais informações no site www.pratodascomunidades.com