Como a China reduziu dependência de importações agrícolas dos EUA e melhorou arsenal para guerra comercial

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Agora, a China agora pode usar os bilhões que investe nos produtos dos EUA como uma arma na escalada da guerra comercial, com menos riscos internos

Por Guilherme Levorato, compartilhado de Brasil 247




Reuters – Desde a guerra comercial entre os Estados Unidos e a China no primeiro mandato do presidente norte-americano, Donald Trump, Pequim focou em reduzir a dependência de produtos agrícolas norte-americanos para reforçar sua segurança alimentar.

Como resultado, a China agora pode usar os bilhões que investe nos produtos dos EUA como uma arma na escalada da guerra comercial, com menos riscos internos.Play Video

A decisão de impor tarifas de 84% sobre os produtos norte-americanos a partir de 10 de abril está pronta para praticamente romper o comércio agrícola com Washington, levando Pequim a acelerar sua mudança para fornecedores alternativos, como o Brasil.

A seguir, detalhamos os esforços da China para reforçar a segurança alimentar desde 2019:

  • 5 de agosto de 2019: China interrompe compras de produtos agrícolas dos EUA em retaliação às tarifas impostas pelo primeiro governo Trump.
  • 16 de janeiro de 2020: Trump e o então vice-primeiro-ministro da China, Liu He, assinam um acordo comercial de “Fase 1” em que a China concorda em aumentar em US$ 32 bilhões a compra de produtos agrícolas norte-americanos em dois anos.
  • 2021: China lança o plantio experimental comercial de milho e soja geneticamente modificados.
  • 29 de abril de 2021: China adota uma lei antidesperdício de alimentos para evitar o desperdício de grãos e proíbe vídeos de sobras excessivas.
  • 1º de fevereiro de 2022: EUA diz que a China não cumpriu acordo da “Fase 1” e compras ficaram aquém do esperado.
  • 4 de fevereiro de 2022: China permite a importação de trigo e cevada de todas as regiões da Rússia, o maior exportador de trigo do mundo.
  • 25 de maio de 2022: China permite a importação de milho brasileiro.
  • 14 de abril de 2023: Para conter importações de soja, o país lança um plano para reduzir as proporções de farinha de soja na ração animal para menos de 13% até 2025, de 14,5% em 2022. Também planeja aprovar proteínas microbianas para ração e projetos-piloto para usar restos de alimentos e carcaças de animais para ração animal.
  • 4 de maio de 2023: China aprova soja com edição genética, que não introduz DNA estranho, pois manipula o genoma natural existente.
  • 26 de dezembro de 2023: China emite licenças para um primeiro lote de 26 empresas de sementes para produzir e vender sementes de milho e soja geneticamente modificadas em determinadas províncias.
  • 9 de abril de 2024: China lança uma iniciativa para aumentar a produção de grãos em mais de 50 milhões de toneladas métricas até 2030.
  • 28 de maio de 2024: China permite a importação de duas variedades de milho geneticamente modificado cultivadas na Argentina.
  • 3 de junho de 2024: Entra em vigor a primeira lei de segurança alimentar da China com foco em grãos básicos e produção de alimentos. A norma demanda que províncias e governo central incorporem a segurança alimentar em seus planos econômicos.
  • 25 de outubro de 2024: China lança um plano de ação 2024-2028 para acelerar o desenvolvimento da agricultura inteligente e da agricultura de precisão.
  • Novembro de 2024: As importações agrícolas chinesas dos EUA de janeiro a novembro de 2024 caem 14%, para US$26 bilhões, em comparação com o mesmo período de 2023, o que representa uma queda pelo segundo ano.
  • 6 de novembro de 2024: Donald Trump é eleito presidente dos EUA pela segunda vez.
  • 13 de dezembro de 2024: A produção total de grãos da China em 2024 atinge um recorde de 706,5 milhões de toneladas, principalmente devido a uma colheita recorde de milho.
  • 24 de dezembro de 2024: China lança um plano de 2024 a 2035 para aumentar o consumo de grãos de cereais.
  • 31 de dezembro de 2024: China emite orientações para que o setor de aquicultura use rações que não sejam de grãos, como proteína microbiana, e tem como objetivo reduzir o consumo de ração por unidade de produto animal produzido em mais de 7% até 2030 em relação aos níveis de 2023.
  • 4 de março de 2025: Em retaliação às tarifas de Trump, a China anuncia aumentos nas taxas de importação de US$ 21 bilhões em produtos agrícolas dos EUA. Produtos afetados incluem soja, milho, sorgo, trigo, carne, algodão, frutas, laticínios e vegetais.
  • 4 de abril de 2025: China divulga uma série de contramedidas em resposta às tarifas recíprocas dos EUA, incluindo uma tarifa de 34% sobre todos os produtos norte-americanos, além das tarifas de 10%-15% impostas em março.
  • 9 de abril de 2025: China anuncia que vai impor tarifas de 84% sobre os produtos dos EUA a partir de 10 de abril, um aumento em relação aos 34% anunciados anteriormente.

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