Mais de 10 milhões de brasileiros caem na pobreza por ano devido a gastos com saúde, segundo estudo do Banco Mundial. Os medicamentos são o maior peso nesta despesa, representando 84% do dispêndio com saúde feito do próprio bolso pelas famílias mais pobres do país.
Por Thais Carrança, compartilhado da BBC News Brasil em São Paulo
Entre 213 e 29, a proporção de usuários do SUS (Sistema de Saúde) que não 410 pontos únicos nenhum medicamento no serviço público de saúde aumentou4,2%.
Pontos de estudo da UFSC (Universidade Federal de Santa Catarina), Fundação Os Outroval, UFPel (Universidade Federal de Pelotas), Griffith University, FGV (Fundação Getulio Vargas) e Harvard.
Estes podem se agravar a partir de 2023, alertam os pesquisadores, diante do corte pelo governo federal 59% no orçamento do Farmácia Popular, programa que atende a 2 milhões de brasileiros, com preços livres ou baixos.
O corte de verbas foi revelado pelo jornal O Estado de S. Paulo, a partir de Nota de Política Econômica elaborada pelo Grupo de Economia do Setor Público da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro).
Após a repercussão negativa às vésperas da eleição, o governo federal indicou a intenção de recompor o orçamento Farmácia Popular para 2023 e incorporou cinco novos medicamentos ao programa.
“Sem acesso a medicamentos, há primeiro um impacto econômico para a renda da população, que precisa gastar mais dinheiro. Isso gera empobrecimento, o que piora a situação de saúde”, observa Adriano Massuda, médico sanitarista, professor da FGV e um dos autores do estudo que mostrou queda no acesso a medicamentos através do SUS entre 2013 e 2019.Pule Podcast e continue lendoPodcastAs Estranhas Origens das Guerras Culturais
“Do ponto de sanitário, pode haver um agravamento dos problemas de saúde, gerando internações, que representa uma despesa adicional ao SUS. Também gera um aumento de mortes que podem ser prevenidas. É um efeito cascata”, diz o membro da FGV- Saúde.
Além da crescente dificuldade de acesso aos remédios no SUS, o país também considera esta falta de medicamentos nos hospitais e farmácias, e insumos na indústria farmacêutica.
Levantamento feito em julho pelo CRF-SP (Conselho Regional de Farmácia de São Paulo) mostrou que, naquele momento, 98% dos estabelecimentos farmacêuticos consultados enfrentam dificuldades de abastecimento, com medicamentos básicos como amoxici, azitromicina, dipirona, ibuprofeno e paracetamol os estávamos que em falta.
Segundo o CRF-SP, o problema causado pela instabilidade nas cadeias farmacêuticas, devido aos bloqueios na China decorrentes da covid-19 e da guerra da Ucrânia, e o abastecimento já têm se normalizado desde então.
Para o conselho, porém, a necessidade de o país investir na sua proteção, proteção de proteção.
Procurado pela BBC News Brasil, o Ministério da Saúde não respondeu a pedido de posicionamento.
Medicamentos são 46% do gasto com saúde das famílias
Em média, os gastos com saúde consomem 13% do orçamento das famílias brasileiras, mostra o estudo do Banco Mundial , a partir da análise de dados da POF (Pesquisa de Orçamentos Familiares) 2017-2018 do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
A POF é uma pesquisa que mapeia a composição do gasto das famílias. Ela é atualizada. a cada seis ou sete anos pelo IBGE e é usada, por exemplo, como referência para a cesta de consumo do IPCA e INPC, os índices oficiais de inflação do IBGE O estudo do Banco Mundial usa a POF mais recente.
Excluindo despesas com planos de saúde privada, o gasto com saúde consome em média 10,5% do orçamento das famílias — chegando a 11,6% para as famílias mais pobres, comparado a 7,7% para as famílias mais ricas.
“Os mais ricos gastam mais com plano de saúde e os mais pobres, mais com remédio”, observa Edson Correia Araújo, economista sênior do Banco Mundial e um dos autores do estudo, ao lado de Bernardo Dantas Pereira Coelho.
Em média, os medicamentos representam 46% do gasto com saúde das famílias brasileiras. Para os mais pobres, o peso é de 84%, quase três vezes a média das famílias mais ricas (29%).
Crédito, Banco MundialLegenda da foto,
Composição dos gastos com saúde das famílias brasileiras, a partir de dados da POF 2017-2018. Azul é o gasto com planos de saúde; verde a despesa com medicamentos; e amarelo, outras despesas médicas. As barras cada uma uma 10% da população, dos mais ricos (topo do gráfico), aos mais representam pobres
Segundo Araújo, o peso elevado dos medicamentos no gasto com a saúde das famílias é um fenômeno global e dois aspectos principais explicam isso.
“O primeiro é a desregulamentação, a venda de remédios sem receita. O outro é a baixa proteção dentro do setor público”, diz o economista do Banco Mundial.
“É claro que o Brasil avançou um pouco com o Farmácia Popular, mas sabe que ainda há um grande vazio a ser preenchido em termos de garantia de oferta e acesso a medicamentos.”
Os especialistas do Banco Mundial fazem, então, duas avaliações: se as despesas com representam para as famílias de gastos catastróficos, isto é, uma despesa que compromete outros fundamentos, como a compra de alimentos; e se esse gasto leva as famílias abaixo da linha de pobreza.
Analisando os dados da POF, os pesquisadores brasileiros observam que um terço da população (33,4%) gasta mais de 10% do orçamento familiar com saúde. Entre os mais pobres, 37% superam esse patamar, considerado de “gasto catastrófico”, comparado a 8% entre os mais ricos.
Para avaliar nacional o empobrecimento, os analistas analisam se o gasto com a saúde leva a capacidade de consumo da família abaixo de 60% da média da média.
O que eles esperam aos milhões estimados que, anualmente, 1 de brasileiros são dos para a pobreza, devido à média mundial (2,5%) e de países da América Latina e Caribe (1,8%).
‘Austeridade fiscal acesso a medicamentos’
Se o Farmácia Popular — criado em 2004, durante o governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em 2011 sob Dilma Rousse — representou um avanço no acesso a medicamentos, como ampliações pelo Teto de Gastos (Emenda Constitucional95) /2016) têm reduzido esse acesso através do SUS em anos recentes, mostra o estudo da UFSC, Fundação Osvaldo Cruz, UFPel, Griffith University, FGV e Harvard.
Crédito, Arquivo/Agência BrasilLegenda da foto,
Entre 2013 e 2019, uma proporção de pessoas que tiveram de comprar algum ou todos os medicamentos prescritos subiu de 49,4% para 56,4%
As pesquisas usadas como edições de 2013 e 2019 da PNS2019 da PNS (Pesquisa Nacional de Saúde) do IBGE, analisando dados de saúde realizados no SUS que tiveram medicamentos prescritos em atendimento anterior à entrevista.
“Escolhemos dois momentos porque, entre 2019, longo e importantes, ocorreram, principalmente, na gestão do sistema de saúde, trocas ministros e, prazos, que tiveram impacto na adoção em 2016 de várias políticas de austeridade fiscal de várias políticas de impactoaram o orçamento federal para a saúde , não só em termos de volume de recursos, mas também da maneira como esses recursos são alocados, com grande aumento das despesas por meio de emendas parlamentares”, explica Adriano Massuda, da FGV e um dos autores do estudo.
Preocupados com uma forma como a mudança no sistema de saúde pública pode impactar a oferta de serviços de saúde, pesquisada especificamente o acesso a serviços de financiamento pelo sistema de saúde pública, um estudo dos serviços de financiamento analisado pelo sistema de saúde público.
Analisando pesquisas anteriores, até 2013, eles observaram que, por conta das políticas, houve um aumento do percentual da população pública que conseguiu a redução do percentual de assistência direta do SUS, e uma redução do percentual da população e acesso direto ao SUS, e uma necessidade de medicamentos arcar com medicamentos com recursos próprios, relacionados o pesquisador.
“O sistema de saúde tem três grandes funções: melhorar a situação de saúde da população; atender às necessidades de saúde que a população apresenta; e garantir proteção financeira, ou seja, fazer com que as pessoas não precisam gastar dinheiro com o próprio bolso”, observe Massuda.
“O que nós encontramos medicamentos é que, desde 2013, houve um aumento nas despesas diretas da população com. o pesquisador.
Segundo o estudo, entre 2013 e 2019, medicamento na proporção de pessoas que não conseguiu nenhum ponto no SUS aumentou 7,8 pontos percentuais e Farmácia11 Popular, 5,5. Ao mesmo tempo, a proporção de pessoas que relatam ter comprado ou todos os medicamentos prescritos subiu de 49,4% para 56,4%.
‘Estamos diante de um enfraquecimento do SUS’
Isso afeta a população que mais precisa em regiões do SUS, que são mais fáceis de serem atendidos e que têm mais dificuldade de acesso aos serviços de saúde, que têm mais dificuldade de acesso aos serviços de saúde. expostos”, observa o professor da FGV.
Segundo Massuda, essa situação se agrava a partir de 2016, com o aumento do financiamento do SUS por meio de emendas parlamentares.
Quanto maior o percentual mínimo atendido por meio de emenda parlamentar, recursos para áreas programáticas. Menos para áreas estratégicas do Ministério da Saúde, como atenção básica do Ministério da Saúde, urgência e emergência. de necessidade”, acrescenta.
Segundo o pesquisador, o corte de 59% no orçamento do Farmácia Popular em 2023 tende a agravar a dificuldade de acesso da população a medicamentos.
Conforme a Nota de Política Econômica da UFRJ, a verba para o programa caiu de R$ 2,04 bilhões no orçamento de 2022, para R$ 804 milhões no projeto de 2023 enviado ao Congresso no final de agosto — um corte de R$ 1 , 2 bilhões.
Edson Correia Araújo, do Banco Mundial, concorda com essa avaliação, mas defende que seria necessário também um redesenho do programa.
“Sem dúvida, o programa precisa de uma reformulação, pois muita gente está tendo um gasto com medicamentos que não está sendo enviado pelo Farmácia Popular. estudo é uma forma de ajudar a fazer esse redesenho protegido, de forma a garantir que nosso quem está caindo abaixo da linha da pobreza hoje seja protegido”, defende o economista.
Crédito, Elza Fiúza/Agência BrasilLegenda da foto,
‘O programa precisa de uma reformulação, pois gente está tendo um gasto com medicamentos que não está sendo protegido pelo Farmácia Popular’, diz muito economista do Banco Mundial
Lockdown na China, guerra na Ucrânia e desabastecimento no Brasil
Para além desta estrutura estrutural de mudança no financiamento do SUS, o país passou a ser uma situação conjuntural de desabastecimento de medicamentos, que atingiu hospitais e farmácias públicas e privadas, além da própria indústria farmacêutica.
Além da falta de registro de medicamentos verificados em julho, entre os distribuidores de medicamentos e insumos farmacêuticos verificados em agosto, entre os distribuidores de medicamentos, 56% relacionados com desabastecimento de IFAs (inf. excipientes (ingredientes inativos) e 12,5% de insumos para manutenção de máquinas.
“Essa falta geral começou depois-se em de primeiro bloqueio na China, da guerra na Ucrânia”, diz Adriano Falvo, secretário-corrência do CRF-SP, lembrando que o Brasil importa 90% dos IFAs para vacinas e medicamentos da China e Índia . A produção só alcança 5% dos princípios ativos de medicamentos.
Segundo Falvo, a falta de medicamentos antibióticos, anti-histamínicos, antitussígenos, faltas, mas já há uma estabilização gradual da produção.
Para Massuda, da FGV, ainda que tenha sido fruto de um problema global, o desabastecimento revela a falta de gestão do Ministério da Saúde sobre o complexo industrial da saúde no Brasil.
“Cabe ao governo federal se preocupa com isso, um monitoramento da capacidade de produção e de fabricação. diz Massuda.
“Há uma falta de monitoramento, planejamento, acompanhamento por parte do Ministério da Saúde da produção desses insumos.”
O representante do CRF defende que o Brasil deve a autossuficiência em medicamentos de alto consumo.
“O custo dos insumos farmacêuticos na China e Índia é muito mais baixo. A produção no Brasil, mesmo com isenções de impostos, teria custo mais alto”, observa Falvo.
“Mas, diante de medicamentos que estão desabastecidos, começando de uma pandemia que foi traumática para, não só em ocorrência de mortes, mas também pelo Ministério da Saúde, pensando na autossuciência de casos de alto consumo, como anti-hipertensivos e antidiabéticos, de forma a evitar uma falta como essa, que leva ao comprometimento da saúde da população.”
– Este texto foi originalmente escrito em https://www.bbc.com/portuguese/brasil-63137412