Como o processo no Departamento de Justiça dos EUA quebrou a Odebrecht

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Compartilhado de Jornal GGN – 

Na segunda entrevista concedida depois de ser libertado, Marcelo Odebrecht explica como a ação do DOJ, em conluio com executivos, ajudou a quebrar a empreiteira

Jornal GGN – Não foram só as ações da Lava Jato no Brasil que quebraram a Odebrecht. O processo que a empresa enfrentou no Departamento de Justiça (DOJ) dos Estados Unidos também comprometeu sua sobrevivência. A análise é do próprio Marcelo Odebrecht.

Em entrevista ao jornal O Globo, Marcelo afirmou que “sim, a Lava Jato foi o gatilho para nossa derrocada”, mas a “Odebrecht quebrou por manipulações internas, não apenas pela Lava Jato.”




As manipulações internais citadas por Marcelo tiveram dois efeitos principais: quase minaram seu acordo de delação premiada com a Lava Jato e, acima disso, levaram a empresa a ficar de joelhos perante as autoridades norte-americanas.

Marcelo contou ao jornalista Thomas Traumann que, em meados de 2015, ele recebia, na prisão, informações de que executivos da Odebrecht que sabiam de fatos que interessavam à Lava Jato não queriam cooperar com o Ministério Público. Ou melhor: não queriam se auto-incriminar.

“Depois vim a descobrir que a informação que levavam para a empresa é a de que quem não estava disposto a colaborar era eu”, comentou Marcelo.

“Contudo, mais do que a postergação das negociações com Curitiba, o que mais prejudicou a Odebrecht foi a maneira como se conduziu o acordo com o Departamento de Justiça dos EUA”, decretou.

O acordo com o DOJ, assinado por Odebrecht e Braskem, gerou uma multa de 3,5 bilhões de dólares, em dezembro de 2016. Em setembro de 2019, foi a vez da Petrobras aceitar um acordo com os EUA que lesaram a companhia em 853 milhões de dólares. O GGN prepara uma série especial de vídeos que explica essa operação.

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Durante a produção, o GGN apurou que, entre 2015 e 2016, agentes dos EUA estiveram em Curitiba e procuradores brasileiros viajaram aos Estados Unidos. Além da Petrobras, o interesse comum era a Odebrecht.

Na versão de Marcelo, “havia interesses escusos dentro da Odebrecht e da Braskem de pessoas que sabiam que seriam expostas se ocorresse uma investigação independente. Essas pessoas anteciparam o fechamento do acordo nos EUA baseado em relatos parcialmente manipulados por elas mesmas.”

O DOJ divulgou o acordo e, “de uma hora para outra, não apenas nossos funcionários em outros países passaram a correr um enorme risco, como perdemos entre US$ 5 bilhões a US$ 10 bilhões de dólares em ativos.”

“Sofremos arrestos, intervenções, bloqueios de bens e não tivemos chance de negociar um acordo em bases normais. E US$ 5 bilhões era dinheiro suficiente para pagar várias Lava-Jato. Ou seja, se isso não tivesse ocorrido, a Odebrecht hoje estaria viva.”

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