Diante do aumento da insegurança alimentar, especialistas apontam caminhos para resolver de forma definitiva o problema que historicamente assombra o país
Desde 2013, ano dos dados anteriores aos divulgados agora, o estado de insegurança alimentar nas casas brasileiras saltou 62%. O indicador vinha caindo desde 2004, quando foi medido pela primeira vez. A pesquisa é feita a cada cinco anos. No primeiro levantamento, o índice foi de 35%. Caiu para 30% em 2009 e para 23% em 2013. Mas atingiu, em 2017 e 2018, o maior nível da série histórica: 37%.
Na prática, são famílias que tiveram afetada a quantidade ou a qualidade da sua dieta em algum momento do período analisado. Não à toa, por ocasião da divulgação mais recente da POF, muito se falou que o país retrocedeu 15 anos em cinco. O que deu errado?
“Nós regredimos ou tivemos inação em processos de garantia da segurança alimentar e nutricional que estavam em construção. Alguns deles, ainda não consolidados. É fundamental olhar para esses números e ver uma história que, mesmo com fragilidades e insuficiências, estava em marcha e foi interrompida”, diz Maria Emília Pacheco, antropóloga, assessora da Federação de Órgãos para Assistência Social e Educacional (FASE) e presidenta do Conselho Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional (Consea) entre 2012 e 2016.