Por Samuel Aarão Reis –
Realmente nunca antes eu imaginei viver uma situação como vivemos agora.
Depois de enfrentar a ditadura, depois de passar anos numa democracia relativa, uma democracia relativa à nossa enorme desigualdade de renda; uma democracia relativa ao persistente racismo, de qualquer forma uma democracia que nos fazia acreditar que pouco a pouco seria possível ir melhorando, aperfeiçoando, corrigindo – sem maiores conflitos, sem conflitos irreversíveis, sem violência.
E agora essa democracia – relativa – escorrega entre nossos dedos.
Tudo que com dificuldade foi construído em anos está sendo destruído.
Pior que isso: eles não querem simplesmente voltar atrás, retroagir. Eles estão impacientemente construindo um país que não é aquele com que sonhamos.
Neste momento o exemplo de São Jorge é importante: não temer o Dragão.
Além disso: resistir em todas as áreas.
E também: juntar-se com todos que sonham os mesmos sonhos, construindo novas formas de ação e de organização.