Por Arnaldo César, Blog do Marcelo Auler –
A coisa anda tão feia que até a imprensa amestrada não consegue tapar o sol com a peneira. Pacotinhos, pacotes e pacotões, assim como reforminhas, reformas e reformonas são anunciadas a cada semana. Nada dá os resultados prometidos. Tanto que os colunistas igualmente golpistas passaram a fazer cobranças severas.O governo golpista está completando seu sétimo mês no poder. Prometeram retomada instantânea do crescimento econômico. Os indicadores insistem em registrar um desastre. O País está mergulhado numa recessão. O desemprego ruma a passos largos para a casa dos 15 milhões de pessoas sem trabalho. A produção industrial despenca. O sempre robusto setor dos agronegócios começa a capengar.
Mas, para domesticá-la, o governo golpista hoje lhe deu um refresco ou, como preferiu Fernando Brito em O Tijolaço, um sorvete – O Haagen Dazs de Temer para a mídia no réveillon é a cara do dono, Nos anúncios de página inteira para não se dizer que faltaram com a verdade, digamos que ela foi escamoteada. Brito ressalta:
“A marotagem da peça começa no título. Temer faz “apenas” 120 dias de Governo, embora o usurpador esteja no poder há 200, desde que afastaram Dilma. E, neste período de formal interinidade, em nada se acanhou de fazer e desfazer, como ficou claro ao mandar ao Congresso uma emenda garroteando as verbas de Saúde, Educação e Assistência Social por nada menos que 20 anos, cinco mandatos presidenciais“, adverte Brito na sua página.
Agora, é esperar o comportamento da mídia, pós-anúncio, Até então, já víamos uns pedirem a queda do ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, a exemplo, do que acaba de acontecer na vizinha Argentina. Outros, mais raivosos, cobravam a destituição do próprio presidente usurpador.
Tolos foram os que acreditaram na conversa fiada de que o golpe era para colocar a economia nos eixos. Cada vez mais fica claro que o golpe tinha um único propósito: livrar a cara de uma camarilha corrupta das garras da “Lava Jato”.
E, não há de vê que colocaram nas masmorras de Curitiba, o chefe–mor do movimento golpista, o ex-presidente da Câmara Federal, Eduardo Cunha!
O ex-governador do Rio, Sérgio Cabral, tido e havido como um jovem promissor peemedebista a ocupar o Palácio do Planalto vive momentos de extrema aflição. Ele e a patroa Adriana Anselmo costumam aparecer nos noticiários com as caras emburradas, trajando singelas camisetas esverdeadas de algodão, fornecidas aos comensais do Complexo Penitenciário de Bangu.
Logo Serginho! Homem de fino trato submetido a andrajos desses. É bom não esquecer que, ultimamente, ele só se cobria com ternos com a etiqueta Ermenegildo Zegna de R$ 140 mil a unidade. É um sofrimento atrás do outro. Agora, com os termômetros insistindo em ultrapassar a casa dos 44 graus, no vale que abriga o conjunto de cadeias em Bangu, o ex-governador não tem direito nem a um misero ar condicionado.
O falacioso senador Romero Jucá, PMDB-RR, um dos mais dedicados articuladores do golpe, costuma ficar sem fôlego quando ouve história a respeito do calvário em que meteram o seu colega Cabral, no fumegante Bangu 8.
Se a chapa está quente para os protagonistas desta história de horrores, o que dizer do povo brasileiro? O que não dizer daquela multidão de coxinhas que desfilou pela Avenida Paulista, em São Paulo, rodeada por bandos de patos amarelos infláveis, financiados pela Federação das Indústrias de São Paulo (FIESP)? Todos foram ludibriados por uma súcia de trapaceiros.
Não será surpresa se alguns – ou todos – forem fazer companhia a Eduardo Cunha, na capital paranaense ou a Serginho Cabral nas escaldantes celas da Zona Oeste do Rio.A economia não melhorou e dificilmente irá melhorar nos próximos sete meses. O País está andando a deriva e poderá adernar daqui para frente. A camarilha Temer já demostrou que não tem condições de livrar a nação deste naufrágio. Muitos deles – e o próprio presidente golpista – estão na alça de mira da Justiça.
Apontar os culpados é a parte mais cômoda desse imbróglio. Não adianta ficar chorando pelos cantos o leite derramado. Nações em crise dessa magnitude costumam construir pactos nacionais. O bom exemplo é o da Espanha que erigiu o “Pacto de Moncloa”, logo depois que se livrou da ditadura franquista.
Sem um grande acordo do qual participem todas as forças políticas vivas do País não iremos a lugar algum. Ou se constrói essa concórdia ou mergulharemos nas trevas de uma convulsão social.
(*) Arnaldo César Ricci Jacob é jornalista e colaborador permanente do Blog
Foto da capa de Beto Barata – PR