Publicado por CUT Rio –
Eunício não podia adiar em um dia só a sessão, pois Moro já estava com a sentença pronta. O simbolismo de datas é uma ironia histórica muito grande para ser coincidência.
11 de julho de 2017, Senadoras da república ocupam a mesa diretora do Senado Federal para tentar impedir a votação e consequente aprovação da (contra)reforma trabalhista. O presidente do Senado irritado, não aceita qualquer acordo que adie a votação e por volta das 19 horas, de forma truculenta beirando o desrespeito, assume o microfone e abre a sessão do Senado Federal, mesmo não estando na cadeira da presidência. Eunício, conhecido como Índio na delação da Odebrecht, tinha pressa e precisava votar o projeto naquele dia.
11 de julho de 1917, Em São Paulo, a primeira greve geral do Brasil tem início com as ligas e corporações operárias, análogos aos sindicatos de hoje. Apresentando uma lista de 11 reivindicações, chamam atenção entre elas, a jornada de 8 horas e a abolição do trabalho noturno para mulheres e menores, assim como o direito de livre associação e garantia de emprego.
Não é por acaso que exatamente 100 anos depois uma reforma que retira direitos conquistados com aquela mobilização é aprovada. Nem um dia a mais, nem a menos. No dia que começou a greve geral, os canalhas, canalhas, canalhas, tentam “dar uma lição” nos trabalhadores e retorná-los ao regime de trabalho de semiescravidão.
Não por acaso, um dia depois da aprovação da (contra)reforma pelo senado, o juiz Moro dá prosseguimento ao golpe e lança uma cortina de fumaça sobre a retirada de direitos dos trabalhadores e trabalhadoras e também sobre as nefastas manobras que Temer vem fazendo no Congresso Nacional para safar-se de seus crimes.
A condenação do presidente Lula exatamente no dia de hoje é a prova de que Moro age como um político e segue uma cronologia muito bem elaborada, onde os direitos são retirados. O golpe segue seu curso e o povo não vê onde terminará a tortura.
Eunício não podia adiar em um dia só a sessão, pois Moro já estava com a sentença pronta e encaminhada. O cronograma não pode ser descumprido e o simbolismo de datas é uma ironia histórica muito grande para ser coincidência.
Aos movimentos sociais e sindical, se impõe como tarefa ocupar as ruas e barrar a todo custo a retirada de direitos. É tarefa muito urgente o diálogo com a base social organizada e com toda a população para desnudar as faces mais cruéis do golpe.
Não vão nos distrair, não vão retirar os trabalhadores e trabalhadoras das ruas e das praças. Sabemos o que está em jogo e defenderemos Lula, pois defender Lula é defender a classe trabalhadora. Defender Lula é defender a ampliação de direitos e não a retirada deles.
Não às reformas que retiram direitos, Diretas Já e confiamos em Lula.
Marcelo Rodrigues
Presidente da CUT Rio