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Operação em Paraisópolis evidencia descaso da segurança pública com a vida nos territórios e o padrão de abuso da força policial
A Conectas presta solidariedade às vítimas e a familiares do massacre de Paraisópolis, e exige, das instâncias responsáveis, a apuração das ações praticadas no último domingo (1), quando uma operação policial deixou ao menos nove jovens mortos – em sua maioria negros e adolescentes – além de outras doze pessoas feridas.
Uma festa de funk foi alvo da ação violenta da polícia de São Paulo e infelizmente com vítimas fatais. A ação negligente evidencia o padrão de atuação dos órgãos de segurança pública com a vida de pessoas pobres e negras em áreas periféricas, fazendo, inclusive, uso de armas de fogo e armamentos menos letais num evento com mais de cinco mil pessoas, causando pânico generalizado em uma das maiores comunidades de São Paulo.
Uma suposta ação criminosa não deve servir de justificativa para o uso da violência e abuso de poder. Protocolos rígidos devem ser respeitados justamente para que não se coloque em risco a integridade física de pessoas e grupos. Manifestações e movimentos culturais periféricos como o funk não podem ser criminalizados e utilizados para legitimar operações de opressão e violência, como procedeu a intitulada “Operação Pancadão”.
Gravações de vídeos e depoimentos de moradores contrariam a versão dos policiais envolvidos na ação, que alegam apenas ter reagido a um ataque, não sendo responsáveis pelas mortes e ferimentos causados. Em alguns dos registros, é possível ver policiais desferindo socos e chutes em moradores ou, ainda, frequentadores do baile sendo encurralados pela polícia em vielas da comunidade.
A sociedade civil pede uma postura contundente do Ministério Público na apuração de crimes, exercendo efetivamente sua prerrogativa de controle externo da polícia, e que as demais instâncias tomem as providências cabíveis para assegurar e fiscalizar as constantes violações de direitos humanos cometidas pelo poder público contra seus cidadãos e cidadãs.