Conheça as principais mudanças da população brasileira reveladas pelo IBGE

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O IBGE divulgou nesta sexta-feira a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios de 2014 (Pnad), a principal pesquisa demográfica que realiza a cada ano – e que oferece um raio-X sobre a população brasileira.




A pesquisa abrange desde tendências na forma de os brasileiros declararem sua cor ou raça a índices de desigualdade de renda, disparidade regional de taxas de ensino e quantos brasileiros têm saneamento, televisão ou internet em casa.

(Foto: Celso Diniz/Thinkstock)
Segundo o levantamento anual do IBGE, desigualdade vem caindo pouco a pouco no Brasil

Para chegar aos números abaixo, o instituto entrevistou mais de 362 mil pessoas em mais de 151 mil residências brasileiras, distribuídas por todos os Estados do país.

Confira, a seguir, dez mudanças na população apontadas pelo levantamento.

1. O Brasil continua envelhecendo

(Foto: Fernando Frazão/Ag. Brasil)

A tendência vem sendo observada ano a ano. Em 2014, a população chegou a 203,2 milhões de pessoas, e indivíduos com mais de 60 anos representavam 13,7% do país. É um aumento de 0,7 ponto porcentual em relação a 2013.

A proporção em si não é gritante, mas o movimento vem sendo contínuo e acompanha uma redução pequena, porém também constante, do número de jovens. Enquanto o número de idosos subiu, o de pessoas com menos de 24 anos caiu 0,8 ponto porcentual, passando a representar 38% da população.

Para fins de comparação, em 2004 a população acima de 60 anos era de 9,7%.

2. Mais de 80 milhões vivem fora de sua cidade natal

A mobilidade pelo país, seja impulsionada por emprego, ensino ou outros motivos, faz com que mais de 80 milhões de brasileiros vivam fora das cidades onde nasceram, o equivalente a quase 40% da população.

Ao chegar aos 60 anos de idade, 60% dos brasileiros já não vivem em suas cidades de origem.

São Paulo é o Estado que mais tem pessoas de fora – 10,5 milhões. Já em termos proporcionais, as unidades da federação com o maior contingente de “forasteiros” são o Distrito Federal, com 49,3%, e Roraima, com 45,3% da população chegando de outros Estados.

3. Analfabetismo cai, mas ainda reflete desigualdade regional

(Foto: Leonardo Harim/TV Brasil)

De pouco em pouco, a taxa de analfabetismo continua a cair no Brasil, e passou de 8,5% em 2013 para 8,1% no ano passado. A queda vem sendo quase constante de 2001 para cá, embora tenha permanecido no mesmo patamar entre 2011 e 2013 (quando oscilou entre 8,4% e 8,5%).

A diferença entre as regiões, porém, permanece gritante neste quesito. Enquanto no Sul e Sudeste a taxa de analfabetos é de 4,4% e 4,6%, respectivamente, no Nordeste a percentagem é de 16,6%, de longe a pior situação no país.

A medição é feita entre pessoas de 15 anos de idade ou mais, e, quanto mais velho o grupo, maior o índice. Entretanto, o analfabetismo ainda assola as novas gerações, afetando 0,9% de jovens na faixa de 15 a 19 anos e 1,4% na de 20 a 24 anos.

4. Diploma superior é privilégio de apenas 13%

Quando se avalia o nível de instrução da totalidade de brasileiros acima de 25 anos, mais de metade da população (57,5%) tem no máximo o ensino médio completo, sendo que 32% não completaram o ensino fundamental. Uma graduação universitária é privilégio de apenas 13,1% das pessoas (contra 12,6% em 2013).

Os números também chamam atenção para a necessidade de se aprimorar o ensino nas escolas públicas, que são frequentadas por 76,9% dos alunos brasileiros (contra 75,7% em 2013). Mas a frequência escolar como um todo vêm aumentando, e tem seu maior patamar entre crianças de 6 a 14 anos: 98,5% nesta faixa etária estão na escola.

Quando se contempla a população como um todo, o número médio de anos de estudo escolar é de 7,7. Aqui também há disparidades regionais: o Sudeste apresenta a maior média, de 8,4 anos, enquanto Norte e Nordeste registraram o menor tempo médio na escola, 7,2 e 6,6 anos, respectivamente.

5. Aumento brusco de ‘desocupados’

(Foto: Ag. Brasil)

O aumento dos índices de desemprego de refletiu nos resultados da PNAD já em 2014. O número de pessoas desocupadas aumentou 9,3% de 2013 para 2014, afetando um total de 7,3 milhões de brasileiros (o aumento equivale a 617 mil pessoas a mais nesta condição).

Isso ocorreu no país todo, e em especial no Sudeste, onde o aumento foi de 15,8%. O IBGE classifica como “desocupadas” pessoas que não estão empregadas, mas estão buscando trabalho.

A pesquisa indica dificuldades especialmente para jovens de 18 a 24 anos e pessoas que estão buscando o primeiro emprego, respectivamente 34,3% e 28,3% dos desocupados.

6. Trabalho infantil volta a subir

(Foto: Valter Campanato/Ag. Brasil)

Após sete quedas sucessivas de 2005 para cá, o número de crianças trabalhando no país voltou a aumentar. Em 2014, subiu para 554 mil o número de crianças nas idades entre 5 e 13 anos que trabalham, quase 50 mil a mais que em 2013.

No Brasil, o trabalho até os 13 anos é ilegal. Setenta mil dessas crianças têm de 5 a 9 anos, um aumento de 15,5% em relação ao ano anterior. Em 2005, porém, o número de crianças em situação de trabalho infantil era quase o triplo do número atual, chegando a 1,6 milhão.

7. Computadores em casa têm primeira queda

Depois de anos de aumento vertiginoso, o número de residências com computador teve a primeira leve queda em 2014, de 49,5% para 49,2%.

O índice ainda é impressionante quando se considera o patamar de 2001 – quando 12,6% dos domicílios tinham computadores.

Mas a interrupção na tendência de crescimento é vista como um reflexo do aumento de uso da internet no celular. A posse de aparelhos de telefonia móvel segue em franca ascensão: hoje, 136,6 milhões de brasileiros (ou 77,9% das pessoas acima de 10 anos) têm telefone celular, um crescimento de 4,9% em relação a 2013.

Outro reflexo dessa expansão é a redução de telefones fixos em casa. Entre 2001 e 2014, a proporção de domicílios com linha fixa caiu 25,5 pontos percentuais.

8. Água e luz avançam, saneamento deixa a desejar

Do total de domicílios no país, 85,4% têm abastecimento de água e 99,7% têm iluminação elétrica, mas apenas 63,5% têm rede coletora de esgoto, índice praticamente igual ao de 2013 (63,4%).

As piores médias estão no Norte (21,2%), no Nordeste (41,1%) e no Centro-Oeste (46,5%). De um ano para o outro, 1,2 milhão de casas passaram a contar com esgoto, mas esse número não acompanha o aumento geral do número de residências no país: de 2013 para 2014, o número de domicílios brasileiros aumentou em 1,9 milhão, passando a um total de 67 milhões.

Foto: Thinkstock

9. Desigualdade social continua em redução gradual

Os dois extremos da sociedade brasileira – os 10% mais pobres e os 10% mais ricos em termos de renda mensal – ganharam em média R$ 256 por mês, no grupo de menores salários, contra R$ 7.154, na fatia de maiores ganhos, em 2014.

O valor recebido pelo primeiro grupo representa apenas 1,4% de todos os rendimentos gerados por trabalho no país, enquanto os 10% mais ricos concentraram 40,3% do total de rendimento.

A renda por gênero continua a apresentar grande disparidade: no ano passado, as mulheres receberam em média 74,5% dos salários dos homens – índice pouco melhor que em 2013, quando essa proporção era de 73,5%.

De uma forma geral, porém, a desigualdade no país continua apresentando uma melhora gradual – o índice de Gini, que mede a distribuição de renda, continua sua trajetória de queda, e passou de 0,495 para 0,490 (quanto mais próximo de zero, melhor).

10. Pretos e pardos têm novo aumento proporcional

O número de pessoas que se declara de cor preta ou parda continua aumentando, e hoje soma 53,6% da população brasileira, contra 48,17% em 2004.

Naquele ano, 51,24% dos brasileiros se declararam branco, mas hoje esse número baixou para 45,5%. O contingente de brancos continua a ser o maior grupo individual, mas o número de pessoas que se consideram pardas chegou ao mesmo patamar, com 45%.

Já 8,6% se declararam negras, contra 5,92% em 2004. O aumento do reconhecimento da cor é visto como reflexo de movimentos de maior conscientização e orgulho da cor e de políticas públicas para valorizar afrodescendentes.

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