Por Gustavo Pera, publicado no Portal Medium –
Acho que vou sair do facebook.
É! Imagina o quanto de tempo livre eu terei sem o facebook e lá só tá rolando política, ódio, isso não me faz bem.
Mas péra, será que vou ser um isentão por isso? Será que estou fugindo da luta?
Cara, não sei, mas tá ficando insustentável isso, somado às mil conversas no whatsapp — tenho que excluir uns grupos — e a timeline do instagram, stories, não tô dando conta de tudo. Olha, quando eu janto, to vendo o youtube simultaneamente para não perder nada. Para me atualizar.
É isso cara! Porquê você tem que saber de tudo? Antes da internet rápida a gente não precisava saber de tudo e nem tinha como.
Mas sei lá, tanta coisa interessante.
É, muita coisa interessante mas você tá dando likes nas crushs e vendo vídeos de gato.
Ah, faz parte dar uma descontraída né.
É, mas nesse meio caminho você já se perdeu. Passou 3 horas e você já procrastinou aquele trabalho chato mas que fielmente lhe dá o que comer.
Ai não sei.
Acho que vou sair mesmo do facebook.
Mas as conexões, a interação pra manter a vida social ativa? “Posto, logo existo”, não é mesmo? Hehe.
A uns 5 anos essa relação era diferente. A gente se virava sem ter que estar com um celular na mão e isso não era o fim do mundo.
É, mas “a ocasião faz o ladrão” e digo mais: o hábito faz o ladrão!
Verdade, parece cigarro, bebida, pizza de sexta-feira. É um vício tremendo essa coisa de internet. Principalmente aqui na cidade. Tá todo mundo tão conectado em todos lugares que lutar contra isso vira uma verdadeira revolução.
“Nossa você não tem facebook?!” ou “Sabe aquele carinha ali? É, ele não tem facebook!”. As pessoas ficam horrorizadas. É como se você vivesse em um mundo paralelo.
Acho importante estar falando sobre isso. Não sei o que vai acontecer. Provavelmente chegar em um limite que as pessoas vão começar a realmente sair das mídias sociais — dizem que na Europa já está assim — e ocupar mais as ruas, interagir mais, mesmo com medo, mesmo sem a auto-estima ideal, mesmo se colocando em um lugar desconfortável, mesmo curtindo um rolê sozinho e não tendo medo de parecer só ou não-popular.
Sei lá, é tanto pensamento… é tanta história que a gente cria ou que a nossa cabeça cria sabe? Antes a gente não era assim… não tinha esse monte de informação…
Cara, você já falou isso, tá vendo? A gente não pára nunca. Vamos mudar isso um pouco, sei lá, uns dias sem internet, avisar o povo que tá tudo bem… pegar uma natureza como antigamente, encontrar os caminhos perguntando na rua! Imagina que louco!?
Éeeee! Nossa, uma aventura completa. Vamos nessa!
Depois a gente vê o que acontece, se vamos ficar tremendo no terceiro dia por abstinência ou vamos reencontrar a paz de espírito!
Hahahaha, falou e disse.
Mas olha, por prudência acho que vou sair do facebook, só pra garantir.