Adriana do Amaral, jornalista
Acontece que meu coração ficou frio para Copa do Mundo (paráfrase de Cartola em “Acontece”)
Hoje tem seleção brasileira no mundial de futebol, mas eu não vou torcer. Até agora, tem sido a copa da zebra, mas o meu pai me ensinou a nunca torcer contra. Mas, não preciso ser a favor, né, seu Ivan?
Esta tem sido o mundial da polêmica contra os Direitos Humanos. Não estou me referindo à cultura local, mas da falta de tolerância dos anfitriões para com os turistas. Por isso, penso que a Seleção Alemã marcou um golaço ao posar para a foto oficial num protesto.
O time do Brasil, a maioria expatriados e outros emigrantes de longo termo, entrarão em campo representando o Brasil. Será?
Que nação eles representam? Alguns declararam apoio ao atual governo: ao presidente machista, racista, xenófobo, aporofóbico. Eu não posso ficar do lado de atletas como estes…
Ah, mas é a futebol, a copa do mundo, a seleção brasileira… (em caixa baixa mesmo, diria o Henfil). Eu ainda não estou preparada para este desapego. O meu craque entrará em campo no primeiro dia de janeiro!
Acordei cedo, hoje, e ao caminhar pela Avenida Paulista, em São Paulo, vejo as pessoas, timidamente, vestidas de amarelo. Os camelôs investiram pesado nas camisetas multicores com o símbolo da seleção: azul, preta, branca… Não vi vermelha.
Lembro-me da Copa de 70, da alegria com a seleção canarinho e quando, aos seis anos de idade, não sabia o que estava acontecendo no meu país. Hoje eu tenho consciência.