Por Diogo Flôr, estudante –
Meu nome é Diogo Flôr, tenho 16 anos, e fiz um intercâmbio na Suíça, que deveria ter tido duração de seis meses, mas foi interrompido logo no primeiro mês, devido a pandemia.
Quando cheguei na Suíça, dia 21/02, não se falava muito de coronavírus. Pelo menos não seriamente. Podia-se ouvir comentários soltos sobre algum outro país, como a Itália, ou uma orientação sobre lavagem de mãos, que não era levada muito a sério. Como aqui no Brasil, havia uma certa preocupação, mas nada muito alarmante.
Com o passar de algumas semanas, as grandes potências em volta já haviam contraído o vírus. A Suíça reportava seus primeiros casos, em geral nas regiões fronteiriças que beiram a Itália. Cantões como Ticino recebem um grande número de trabalhadores da Lombardia, que já na época era epicentro da doença. Medidas de segurança eram cada vez mais difundidas, mas ainda sem nenhuma intervenção direta do governo.
A partir daí, os casos de coronavírus só aumentavam: eventos com mais de 1000 pessoas foram cancelados, como o Carnaval da Basiléia, bem conhecido na região. Partidas de futebol eram feitas sem torcidas, até serem anuladas completamente.
Mas foi no dia 13/03 que o Conselho Federal decidiu fechar escolas de toda a Suíça por duas semanas. Logo após, foi declarado estado de emergência no país, algo que não ocorria desde a Segunda Guerra Mundial.
Cada vez mais empresas fechavam, dando espaço para o home office, e todo o comércio não essencial foi fechado. Nos mercados, as pessoas não podiam ficar próximas umas das outras, e o clima se tornava cada vez mais parecido com o que estamos vivendo hoje no Brasil.
No dia de meu retorno, notei que o aeroporto de Genebra estava bem preparado para a crise. Passageiros só podiam entrar no aeroporto antes de três horas para seus voos. Apenas viajantes poderiam entrar, a não ser que estivessem acompanhando um menor.
Lá dentro, quase todo o comercio fechado e as pessoas só podiam sentar-se em assentos intercalados. O contraste com ambos aeroportos de Lisboa e Guarulhos é grande, uma vez que nestes o comércio está aberto, e quase não há medidas de segurança, como o distanciamento de um metro. Na entrada ao Brasil, a fila da imigração estava cheia e aglomerada, bem como o Duty Free.
Foi uma experiência bem estressante, corrida, e o clima nos aeroportos era de desconfiança total. É bem frustrante saber que eu tive meu intercâmbio interrompido por conta da pandemia, porém sou grato por não encontrar nenhum problema nos aeroportos que impedisse minha entrada no Brasil.