Por Washington Luiz de Araújo, jornalista, Bem Blogado
“Caem dois aviões por dia no Brasil” e ninguém se estarrece? Estamos naturalizando a morte de mais de 300 pessoas por dia, com a dor de milhares. Precisamos continuar a pensar, nos indignar com estas mortes.
Ato contínuo, quando cai um avião, as pessoas olham para cima. No caso da Covid-19, estamos fazendo de conta que não é com a gente, olhando para o chão e assoviando.
Sim, são dois aviões que caem por dia. Só para ficarmos nos dois principais, trágicos acidentes aéreo no Brasil na primeira década do Século 21: avião da Gol na floresta amazônica em 2006, com 154 mortes; avião da antiga TAM, em Congonhas, com 199 mortes. Total: 353 pessoas. No dia 08 de setembro, morreram 313 pessoas em razão da Covid-19 no Brasil.
Sem falar na variante Delta, temos que levar em conta que não é normal a morte de mais de 300 pessoas diariamente. É extremamente insensível não falarmos, não criticarmos a falta de vacina geral, não denunciarmos a corrupção na compra da vacina, enquanto Bolsonaro vacila para adquiri-las.
É um absurdo se falar em “novo normal” com a anormalidade de mais de 300 pessoas morrendo contaminadas por dia.
Não nos esqueçamos, todos os dias, destas mortes, da dor de seus familiares e amigos. Não nos esqueçamos daqueles que estão morrendo por outras doenças em decorrência da falta de atendimento, de leito, de cirurgia, de tratamento adequado.
A mídia já naturalizou estas perdas. O número de mortes não é mais manchete e nem matéria de rodapé. Vão lembrar, um pouco, quando se completarem as 600 mil mortes, mas, em seguida, esquecerão novamente.
Que não esqueçamos!