Covid-19 pode causar extinção do povo Juma na Amazônia, diz jornal francês

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Compartilhado de Brasil 247 – 

último representante homem dos Juma, Amoim Aruká, morreu no dia 17 de fevereiro, aos 86 anos, vítima da Covid-19

Indígena Aruka Juma morreu vítima da Covid-19 em Porto Velho.
Indígena Aruka Juma morreu vítima da Covid-19 em Porto Velho. (Foto: Rede Amazônica/ Reprodução)

Da RFI – O jornal francês Libération desta segunda-feira (1°) traz uma reportagem sobre o povo Juma, da Amazônia, que segundo o texto, pode desaparecer. O último representante homem dos Juma, Amoim Aruká, morreu no dia 17 de fevereiro, aos 86 anos, vítima da Covid-19.

Ao longo de toda a sua vida, Amoin Aryuká foi testemunha de uma série de massacres que reduziram seu povo de 15.000 indivíduos, no início do século XX, a cinco, em 2002. Somente suas três filhas podem continuar a transmitir a cultura do povo Juma.




“Defensor fervoroso” da floresta Amazônica, Aruká lutou, desde 2004, para que suas terras obtivessem o estatuto oficial de território indígena. Sua morte é um “evento trágico” para os respresentantes da Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (Coiab), que denuncia o abandono das tribos.

De acordo com a entidade, desde julho, o povo Juma deveria ter sido incluído nos grupos protegidos pela Polícia Federal ou por agentes da Funai, a Fundação Nacional do Índio, para impedir a entrada de estrangeiros em seu território. “Os povos autóctones fizeram essa demanda para se preservar da pandemia”, explica Sébastien Rozeaux, professor de história da Universidade Jean-Jaurès, de Toulouse.

Porém, mesmo se as terras indígenas são protegidas pela Constituição Federal de 1988, “suas fronteiras permanecem frágeis”, escreve o Libération. A reportagem segue dizendo que a pandemia de Covid-19 atingiu duramente as populações indígenas no Brasil, país que contabiliza “250.000 mortos e mais de 10 milhões de contaminações”. Hoje, os povos autóctones representam 0,4% da população do país. Desde o início da crise sanitária, “973 mortes e 50.000 casos” foram registrados entre eles.

Existem várias explicações para esses números. “Essas comunidades têm acesso limitado aos cuidados de saúde”, analisa Rozeaux. Por outro lado, “sofrem com a ausência de proteção por parte do governo”, acrescenta.

Para Irène Bellier, diretora do Centro Nacional de Pesquisa Científica e vice-presidente do grupo internacional de trabalho para os povos autóctones, a prioridade tem sido o desenvolvimento econômico da região, “com inúmeros projetos de mineração, exploração de petróleo e agronegócios autorizados pelo Estado, sem nenhuma consulta prévia aos povos implicados”. Os trabalhadores e mesmo traficantes que se aproveitam dessa situação “podem transmitir o vírus”, completa.

A reportagem termina com uma denúncia feita por Glauber Sezerino, sociólogo e co-presidente da Associação Autres Brésils. Ele diz que “há uma política deliberada de exterminação: é preciso evitar que Bolsonaro continue com sua política anti-indigenista senão todas as populações autóctones correm o risco de desaparecer”, conclui.

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