Por Victor Amatucci, publicado em ImprenÇa –
Ocorreu na noite de ontem, 22 de maio, uma coletiva de imprensa na sede do Conselho Regional de Psicologia de São Paulo {{CRP-SP}}, acerca das ações da gestão Doria na região da cracolândia. Entre os convidados estavam Aristeu Bertelli, Vice-presidente do CRP-SP; Rogério Gianinni, do Conselho Federal de Psicologia; Maria Orlene Daré, coordenadora da Comissão de Direitos Humanos do CRP; além de Ed Otsuka e Reginaldo Branco, conselheirosdo CRP, Rildo Marques do Movimento Nacional de Direitos Humanos e Nazareth Cupertino, presidente do Conselho Estadual de Defesa dos Direitos da Pessoa Humana.
A última ação de Doria ocorreu apesar da gestão ter garantido ao Ministério Público de São Paulo que não haveria um dia específico para a retirada dos usuários de drogas da região, conta Aristeu Bertelli.
A ação, que deixou ao menos 1 criança de 10 anos ferida, segundo Orlene Daré, não foi comunicada aos profissionais que atuam na região ou sequer teve coordenação entre a prefeitura e o governo estadual. O governo Alckmin afirmou que a prefeitura sabia há semanas da operação conjunta e põe a culpa na falta de coordenação, na gestão Doria.
Doria aproveitou e fez um vídeo afirmando que era o fim da Cracolândia e do programa De Braços Abertos. A realidade, no entanto, não dá guarida a esta versão.
Ação ineficiente não é inédita
Ações parecidas já existiram na região. A última delas em 2012, feita por Gilberto Kassab tinha o sugestivo nome de Dor e Sofrimento.
O plano parte de algumas premissas erradas, como supor que o abastecimento das drogas é feito por traficantes localizados na região onde os usuários dormem e vivem. Supor que algum grande traficante ficará dormindo em meio aos usuários não a hipótese mais plausível e, como mostrou o tempo, estava errada.
A ação de Doria e de Kassab partem das mesmas premissas. A polícia de Alckmin afirmou ter prendido 38 traficantes na região. A lei, como se sabe, não define quantidades exatas para usuário e traficante, ela diz: “Para determinar se a droga destinava-se a consumo pessoal, o juiz atenderá à natureza e à quantidade da substância apreendida, ao local e às condições em que se desenvolveu a ação, às circunstâncias sociais e pessoais, bem como à conduta e aos antecedentes do agente”.
Agora veja a foto de alguns dos traficantes abordados:
É fácil supor que nenhum deles é dono de helicóptero ou recebe malas com 500 mil reais em restaurantes no jardins, ou não?
Higienismo
Outro fato alardeado pelo prefeito Doria Jr, é que prédios serão demolidos. O que remonta a um projeto que não por acaso veio junto com a ação de 2012. Impressiona a coincidência. Voltemos, pois, a 2012.
Quanto mais se investiga, mais se chega a conclusão de que os usuários não são o real objetivo das ações. Voltando ao CRP, Nazarath Cupertino denuncia que a gestão Doria não conversou com os beneficiários do programa De Braços Abertos e sequer conversou com os profissionais que atuam na região.
“Os moradores dos hotéis não têm informações sobre o programa Redenção”, afirmou. Redenção é uma reedição do já fracassado programa estadual Recomeço. O programa estadual que não revela quase nenhum dado {{talvez isso explique a ineficiência ou talvez a ineficiência do programa explique isso}}, mas quando revela, não dá sinais positivos: 54% é o número de desistências em Campinas.
Já em São Paulo, a notícia que data de 2013 não melhora muito…
o objetivo das ações segue o mesmo de sempre. Favorecer a especulação imobiliária e gerar lucro a partir de terrenos que já pertencem à iniciativa privada.
Entre seres humanos e dinheiro, João prefere o Dólar.