Crescimento do movimento antivacina preocupa especialistas

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Por Marina Oliveto, compartilhado de Projeto Colabora – 

Ação de negacionistas nas redes sociais ganha cada vez mais espaço, em meio à pandemia, e pode se transformar em uma ameaça global

Em Berlim, na Alemanha. manifestantes protestam contra isolamento social provocado pela covid-19 e contra a vacina. Foto de MV Sulupress, Via AFP – Agosto de 2020

Os grupos de movimento antivacina nunca estiveram tão vivos quanto agora. Mas isso não é uma novidade, assim como, em todas as outras crises sanitárias recentes, os extremistas encontram lugar entre os pares para ecoar as vozes durante esses períodos. Nesse momento de pandemia, os elementos que compõem as crenças dos negacionistas voltam a duelar com maior intensidade contra as informações divulgadas diariamente pelos cientistas na luta contra a doença, como afirma a Dra. Mellanie Fontes-Dutra, Neurocientista da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS):




“Esses grupos, numa sociedade que hoje é dividida politicamente e que está passando por crises não só sanitárias, como a pandemia, como também econômica, essa desinformação acaba tendo um ecossistema excelente para criar movimentos antivacina”, analisa a neurocientista.

Hoje, o presidente Jair Bolsonaro voltou a dizer, em evento com apoiadores, que a futura vacina contra a covid-19 não será obrigatória. Bolsonaro tentava se opor ao governador de São Paulo, João Dória, adversário político, que afirmou que a vacinação contra o novo coronavírus será obrigatória. Exceto para pessoas que apresentem alguma restrição avalizada por um médico. Esse tipo de declaração dá mais gás para as vozes dos grupos radicais que pareciam estar adormecidas, mas que ganharam nova visibilidade com covid-19. Os protestos dos negacionistas se intensificaram. No início de agosto, em meio as críticas quanto ao isolamento social na Alemanha, diversos grupos radicais marcaram virtualmente um encontro em Berlim para pedir o fim das restrições contra a covid-19.

Mais de 500.000 pessoas confirmaram presença no evento, a maioria delas pertencentes a grupos neonazistas, negacionistas e antivacina. O encontro reuniu um número abaixo do esperado (17.000), mas ele desperta a necessidade de debater e combater o extremismo que ganha cada vez mais voz nas redes sociais. Dos compartilhamentos de notícias falsas, ameaças e manipulação de informações no mundo virtual, o protesto terminou com a invasão do parlamento alemão, pessoas feridas e inúmeros manifestantes presos.

Protesto anti-coronavírus e o novo normal, na cidade de Nürnberg, na Alemanha. Foto Unsplash/ Markus Spiske
Protesto anti-coronavírus e o novo normal, na cidade de Nürnberg, na Alemanha. Foto Unsplash/ Markus Spiske

O efeito positivo das vacinas

Para o pesquisador do Instituto de Medicina Social da UERJ, Kenneth Rochel de Camargo Júnior, a existência das vacinas ao longo dos séculos e a sua eficácia são contestadas há muitos anos. Para o pesquisador, “o movimento antivacina nunca deixou de existir. Desde que existe vacina, existem pessoas que são contra as vacinas”. E, para Kenneth Júnior, as redes sociais, se tornaram um combustível ainda mais inflamável que propaga suas chamas rapidamente:

“A internet e as redes sociais foram fundamentais, por duas razões: primeiro, porque na medida em a internet supera algumas barreiras de distância, é possível agregar grupos que estavam dispersos em diversas partes e que, isoladamente, não tinham tanta força. Mas, quando se juntam, aumentam a massa crítica e geram uma explosão atômica”.

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