Cada vez que passo em frente à Praça Charles Miller dá uma tristeza imensa em saber que o Estádio do Pacaembu está sendo destruído dia após dia.
Por Roberto Casseb, compartilhado de Construir Resistência
Depois de derrubarem o Tobogã e asfaltarem o gramado, agora estão derrubando toda a arquibancada. Só vai sobrar a carcaça externa para que a concessionária, “Consórcio Patrimônio SP”, se justifique junto ao Condephaat (Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico). A Prefeitura de São Paulo é a responsável por esse crime contra a história da cidade e do esporte mais popular do Brasil e do mundo.
Algumas torcidas organizadas do Palmeiras, Corinthians e São Paulo, junto com torcedores do Santos, Juventus e Portuguesa fizeram em janeiro deste ano, uma manifestação em frente ao estádio com a palavra de ordem “PACAEMBU É DO POVO”. Infelizmente a adesão das grandes torcidas e dos torcedores não foi massiva e a força do movimento não alcançou seu objetivo de mobilizar a sociedade.
A crônica esportiva também lavou as mãos e, salvo raríssimas exceções, nada fez para salvar um dos maiores patrimônios da cidade.
Cada tijolo derrubado leva junto a alegria que o Pacaembu promoveu para milhões de pessoas que por ali passaram desde 27 de abril de 1940.
O Pacaembu nunca foi só Futebol. Tinha a pista de atletismo e recebeu muitos desfiles das antigas fanfarras escolares, entre outros eventos. Tive o privilégio de participar de várias dessas festas.
A Secretaria Municipal de Esporte e Lazer foi incapaz de construir um projeto para o povo de São Paulo ocupar o estádio. Ficou valendo o comodismo de entender que os grandes clubes construíram suas arenas e seria mais fácil se desfazer desse patrimônio, já que ali não abrigaria grandes jogos de Futebol. Um erro histórico.
Não satisfeita, a concessionária quer também a Praça Charles Miller e um desconto de 70% do pagamento combinado com a Prefeitura. O prefeito Ricardo Nunes precisa dar satisfação ao povo de São Paulo sobre esse desmanche e os vereadores devem se posicionar contra esse abuso.
Perder o Pacaembu é uma derrota para a sociedade e um passo a mais para a terceirização de outros equipamentos históricos da cidade. Temos que resistir.
Roberto Casseb é jornalista, Palmeirense e Coordenador Estadual do Setorial de Esporte e Lazer do Partido dos Trabalhadores. Foi Coordenador do Programa de Governo de Marta Suplicy e Fernando Haddad na temática Esporte e Lazer.