Cristovam Buarque e a autocrítica dos outros

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Por E. Precílio Cavalcante – 

“Excelentíssimo Senhor Doutor Cristovam Buarque, o senhor cometeu um pequeno equívoco ao tentar fazer uma autocrítica da esquerda. Doutor, autocrítica dos outros?! Isto existe? O próprio nome em português já diz: auto, próprio, de si mesmo.

É como se um pintor pintasse o autorretrato de outra pessoa. Seria válido, lícito, Doutor Cristovam? Não parece!…




O senhor poderia fazer uma autocrítica do seu passado político.

Onde o senhor errou para ser derrotado no governo de Brasília por um verdadeiro escroque da política local? Errou ou não errou, doutor Cristovam?

Teria o senhor acertado, quando votou pelo impedimento da Presidenta Dilma?

E o senhor sabe muito bem que quanto a honestidade e a honorabilidade a Presidenta Dilma é intocável. A mulher de César não poderia ser, sequer, suspeita, pois bem, a Presidenta Dilma nunca foi, sequer, suspeita.

A cassação da Presidenta se deu dentro de um processo de face dupla, a face interna do Brasil, onde a quadrilha do PMDB e outras, tinham de afastá-la, isto feito no estilo máfia.

Ela não aceitava participar da patifaria, da corrupção. E temendo que ela viesse a denunciá-los à justiça, afastaram-na por um processo eivado de falcatruas. A máfia nesses casos executa, mata.

O outro lado, a outra face que levou ao afastamento da Presidenta, Edward Sowdem já explicou, quando disse que os holofotes da espionagem ianque no Brasil estavam em cima do Palácio do Planalto, em Brasília, monitorando o gabinete dela. E que os telefonemas e e-mails dela para os seus auxiliares e assessores era todos gravados.

E muito mais, disse. E o senhor, Dr. Cristovam Buarque, como um homem bem informado, sabe disto muito bem! Por que o senhor votou pela impedimento da Presidenta? Tenho absoluta certeza que o senhor não recebeu dinheiro para isto. Tenho absoluta certeza que o senhor não se corrompeu para votar contra ela. Mas muitos que votaram como o senhor, Dr. Cristovam, se corromperam, se venderam!

Dr. Cristovam, quando o senhor fala em esquerda, não esqueça que a esquerda é um universo bem mais amplo do que se pensa, quando se fala apressadamente dando entrevista ou escrevendo livros para dar satisfação à direita.

O jornal O Globo, que nunca foi de esquerda e não morre de amores pelas causas populares, lhe dedicou todo um editorial no dia 19 de janeiro de 2020.

O pior mal das esquerdas são os oportunistas de esquerda, doutor! É o que se pode chamar de esquerda eleitoreira. Que, se posicionando como esquerda, militam em defesa dos seus projetos pessoais.

E ainda há a falsa esquerda. E é aí, nesta falsa esquerda, que o senhor enrola o meio de campo. Quando o senhor inclui o PSDB como um partido de esquerda fere a lógica. Como e onde Fernando Henrique, Aécio Neves e José Serra, são de esquerda? Por este caminho o senhor vai acabar dizendo, também, que o nazismo era uma ideologia de esquerda. Olhe que alguém, do alto escalão do governo, já disse isto!

Mas vamos voltar à corrupção, a roubalheira. O senhor acusa a esquerda de corrupção, na sua autocrítica, dos outros. Coisa estranha! Mas esquece que o partido mais corrupto, apurado pela Lava Jato, não foi o PT, mas a sigla que virou uma quadrilha foi o PMDB ou MDB, pois a gangue mudou de nome.

Pergunto doutor: por acaso, Geddel Vieira Lima, Sérgio Cabral, Michel Temer, Eduardo Cunha, Henrique Alves, são de esquerda?!

Durante muito tempo, e até hoje, tenta-se encobrir as falcatruas do PSDB, mas este, sem dúvidas, não é o partido das vestais.

O senhor sabe muito bem que o golpe de 2016, contra o governo da Presidenta Dilma, fez parte da grande manobra que começou com a Lava Jato, visando destruir o PT e a esquerda que o senhor diz ou parece tentar defender, ao seu modo.

Não sou do PT, do PC do B, do PSOL, do PSB ou PDT, até porque em alguns destes partidos tem gente como o senhor, se dizendo de esquerda, mas caminhando na contra mão. Dando armas para a direita.

Sou de esquerda. Daquela esquerda que foi à luta contra a ditadura militar policial. Sou companheiro de lutas de Carlos Marighella, de Joaquim Câmara Ferreira, Toledo, de Maria Auxiliadora Lara Barcelos, de Sônia Angel e de muitos outros companheiros e companheiras que deram suas vidas no combate àquele regime.

Esta é a esquerda a que eu pertenço, Dr. Cristovam. E nesta esquerda posso incluir: Dilma Rousseff, Rose Nogueira, Carlos Fayal, Manoel Cyrillo e muitos outros brasileiros e brasileiras de fibra.

Doutor, o seu livro criticando a esquerda ou fazendo autocrítica dos outros, tem o título de: Por que falhamos, O Brasil de 1992 a 2018. Mas Dr. Cristovam, a falha, o erro de nós outros, é fácil de explicar. Nós erramos porque elegemos políticos como o senhor!”

E. Precílio Cavalcante.
Ilha de Paquetá, Rio de Janeiro, janeiro de 2020.

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