Por Edson Rimonatto, compartilhado do Portal da CUT –
Orientação do governo Bolsonaro é esperar as inscrições até dia 20 deste mês e liberar primeiro lote de pagamentos no dia 5 de maio, diz empresa de TI que participou de reunião com direção da Dataprev
Enquanto mais de 20 milhões de trabalhadores e trabalhadoras informais, que se inscreveram no site da Caixa ou no aplicativo, esperam ansiosamente pelo auxílio emergencial de R$ 600,00 para colocar um prato de comida à mesa, o governo de Jair Bolsonaro ignora a fome e o desespero dos brasileiros mais pobres que não têm renda para enfrentar com o mínimo de dignidade a quarentena imposta pela pandemia do coronavírus (Covid 19).
E ainda mente para o povo. A promessa de que o auxílio aprovado pelo Congresso Nacional sairia após cinco dias de inscrição não está sendo cumprida pelo governo e os trabalhadores e trabalhadoras que entram todos os dias, várias vezes por dia, inclusive, no site só veem o aviso desanimador de que seu pedido ‘está em análise’.
Este o caso da faxineira Maria Luzinete Souza, que se inscreveu no Cadastro Único (CadÚnico) solicitando o benefício há oito dias e ainda não obteve resposta do governo se terá direito ou não aos R$ 600,00.
A sua situação, segundo diz, é desesperadora. O marido que trabalhava em um restaurante foi dispensado, o filho estudante, era estagiário e também está em casa sem renda alguma, e a outra filha menor de idade não trabalha. Sem renda, a família de Luzinete conta apenas com dois clientes que utilizavam seus serviços e mantêm os pagamentos mesmo sem que ela possa trabalhar. Uma faxina era semanal e a outra quinzenal. Os demais clientes dos outros quatro dias da semana, não foram solidários e a dispensaram sem nenhuma garantia financeira.
Foi pensando em brasileiros e brasileiras como Luzinete que o Portal CUT foi atrás de informações para entender porque tanta gente, além dos quase de 7 milhões que tiveram o pedido negado por não estar dentro dos critérios do programa, sequer tiveram resposta sobre o resultado da análise.
As informações em off e também as que foram publicadas no blog da empresa Fortes Tecnologia, que participou de uma reunião com a direção da Dataprev e da Caixa Econômica Federal (CEF), confirmaram a suspeita: o governo está segurando esses pedidos de auxílio emergencial.
Na reunião entre a Dataprev e empresa de tecnologia sobre o Benefício Extraordinário Mensal (BEM) a ser pago aos trabalhadores que terão suspensos seus contratos e aos que terão redução de salários e jornadas de trabalho, foi informado que os pagamentos serão efetuados dia 5 de maio. A mesma data de pagamento, de acordo com informações obtidas pelo Portal CUT, deverá valer para os trabalhadores informais que ainda não receberam o auxílio emergencial de R$ 600,00.
Segundo a autora do blog, “o processamento para que apareça na consulta é questão de horas, mas o retorno do processamento leva mais tempo. Para essa primeira remessa de requerimentos que o governo recebeu para pagar benefícios até o dia 05, devem ser enviados até dia o 20 de abril ao banco”.
E quem se inscrever a partir do dia 21 deste mês, só receberá num segundo momento.
Ou seja, o Ministério da Cidadania, responsável pela liberação do auxílio emergencial está aguardando até o dia 20 deste mês a inscrição dos trabalhadores informais e domésticos para liberar o valor para quem tiver direito apenas no dia 5 de maio, quase 40 dias após a aprovação do auxílio emergencial no Congresso.