Cuba restaura seu sistema de eletricidade em meio a uma grave crise energética

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Com sua economia e infraestrutura sufocadas pelo bloqueio, Cuba sofreu três apagões totais nos últimos dois meses

Por Gabriel Vera Lopes, compartilhado de Brasil de Fato




na foto: Apagão elétrico em cuba - Autor: YAMIL LAGE | Crédito: AFP

Nesta quinta-feira (5), Cuba conseguiu restaurar seu sistema nacional de eletricidade após um novo desligamento que deixou a ilha sem eletricidade na quarta-feira (4). Trata-se do terceiro apagão nacional que afeta o país em um período de quase dois meses. 

A desconexão ocorreu depois que a usina termoelétrica Antonio Guiteras, uma das principais usinas de energia do país, sofreu uma falha. O incidente ocorreu em um contexto de grande precariedade do sistema elétrico nacional, com as demais usinas termoelétricas do país sendo reparadas fora do sistema e a geração distribuída paralisada, devido ao déficit de combustível. 

De acordo com o Ministro de Energia e Minas, Vicente de la O Levy, no final da noite de quarta-feira os danos haviam sido reparados e “todas as unidades que estavam em processo de partida voltaram ao sistema”.

O desligamento ocorre em meio a uma grave crise energética que vem afetando o país há meses. No último 18 de outubro, o país enfrentou um apagão total, num momento dramático poucas horas depois que o governo declarou, em rede nacional de televisão, que o país estava em uma “emergência energética”, deixando a ilha completamente sem eletricidade por vários dias. 

A segunda desconexão total ocorreu após a passagem do furacão Rafael, que atingiu a ilha no dia 6 de novembro, causando graves danos nas redes de energia e na infraestrutura do oeste de Cuba. De acordo com os números oficiais, estima-se que o Rafael causou a danificação total ou parcial de mais de 46 mil casas, enquanto 37 mil hectares de produção agrícola foram destruídos.

Desde a primeira desconexão nacional, há dois meses, todos os dias o país tem sofrido longos apagões que afetam 50% do território nacional durante mais de 12 horas. A dramática situação tem causado enorme cansaço numa sociedade que está sofrendo uma grave crise econômica nos últimos anos. 

O déficit de energia e o bloqueio 

A eletricidade de Cuba é gerada por usinas termoelétricas com mais de 30 anos de idade e que precisam de manutenção frequente. Essa estrutura é frequentemente retirada de serviço para reparos, causando os constantes e contínuos apagões que o país sofre. No último ano, esses apagões recorrentes têm variado entre 30% e 50% do território nacional. 

Um dos principais motivos pelos quais Cuba não conseguiu gerar os investimentos necessários para a renovação e manutenção de seu sistema elétrico é o bloqueio ilegal que a ilha vem sofrendo há mais de seis décadas. As medidas contra o país foram intensificadas durante o último governo de Donald Trump. 

Ao contrário do resto dos países, Cuba está impedida de acessar empréstimos para modernizar ou melhorar sua infraestrutura. Ao mesmo tempo, as importações de combustível, assim como de qualquer outro bem de que a ilha necessite, são dificultadas pelo bloqueio.

Qualquer navio que entre num porto cubano é sancionado pelos EUA, causando um aumento extraordinário nos preços que a ilha precisa pagar para importar os produtos de que necessita. Estima-se que as importações de energia custem ao Estado cubano até três vezes o preço médio internacional.

De acordo com estimativas da ONU, somente no período de 1º de março de 2023 a 29 de fevereiro de 2024, o bloqueio ilegal imposto por Washington contra Cuba gerou uma perda estimada de 5,5 bilhões de dólares, o que significa uma perda de mais de 421 milhões de dólares por mês.

O bloqueio dos EUA a Cuba, que Washington chama de “embargo”, consiste em uma série de medidas econômicas e políticas destinadas a sufocar a economia do país e, assim, enfraquecer o governo.

Essa chamada estratégia de guerra não convencional baseia-se em um memorando secreto enviado pelo então subsecretário de Estado dos EUA para Assuntos Interamericanos, Lester D. Mallory, ao então presidente Dwight Eisenhower (1953-1961), no qual ele sugeria “a rápida aplicação de todos os meios possíveis para enfraquecer a vida econômica de Cuba” para privar o país de “dinheiro e suprimentos, reduzir seus recursos financeiros e salários reais, causar fome, desespero e a derrubada do governo”.

O bloqueio foi formalizado em 7 de fevereiro de 1962, quando o presidente democrata John F. Kennedy declarou um embargo total. Desde então, a medida foi adotada pelas 11 administrações seguintes dos EUA, democratas ou republicanas.  

Edição: Leandro Melito

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