“Cúmplices de genocídio”. Brasileiros gritam em Lisboa contra Bolsonaro

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Autora de 19 livros, Elisa Lucinda encontra-se em Portugal para participar na Bienal da Poesia, em Oeiras, e não conseguiu ignorar o protesto. “Somos poucos, mas representamos muitos”, afirmou.

Da Agência Lusa, compartilhado do site Observador




Os olhos da poetiza e atriz brasileira Elisa Lucinda enchem-se de lágrimas ao lembrar o “Brasil sem fome” e a sua revolta juntou-a esta quinta-feira a outros compatriotas, em Lisboa, para gritar que, quem apoia Bolsonaro, é “cúmplice de um genocídio”.

Com a escritora estavam mais seis manifestantes que receberam com palavras de ordem e protesto os participantes de um seminário internacional que se realiza num hotel em Lisboa, organizado pelas comissões de Relações Exteriores e Defesa Nacional (CRE) do Senado Federal e da Câmara de Deputados do Brasil.

O encontro, de dois dias, assinala os 25 anos da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) e coloca em debate o Agronegócio Sustentável no Brasil.

“Fora Bolsonaro genocida” e “cúmplices de um genocida” foram algumas das palavras de ordem que os manifestantes gritaram, elevando a voz sempre que se aproximava do hotel um participante da conferência.

Autora de 19 livros, Elisa Lucinda encontra-se em Portugal para participar na Bienal da Poesia, em Oeiras, e não conseguiu ignorar o protesto.

“Somos poucos, mas representamos muitos. Os brasileiros estão desolados, os brasileiros estão morrendo, 19 milhões de desempregados, a linha de fome a aumentar imensamente”, disse à Lusa, sem esconder a emoção.

A atriz, que entrou em várias telenovelas que foram transmitidas em Portugal, sublinhou que o Brasil vive um momento “interessante, apesar de tanta dor”, que é “o momento do arrependimento”.

“Tudo piorou. A única coisa boa é que ficou claro o erro. Quando se pensa num Governo Lula, num governo PT [Partido dos Trabalhadores], dá muita saudade de ter um Presidente, dá muita saudade de ter um Brasil longe da fome, dá muita saudade de um país que, quando a gente hoje se lembra, parece um paraíso”, afirmou, sem conter as lágrimas.

Elisa Lucinda congratula-se com os protestos fora do Brasil, principalmente na Europa e num país como Portugal, onde os brasileiros são a maior comunidade imigrante, e que é “uma referência com os fundamentos da esquerda, da igualdade”.

“Aqui não tem uma disparidade tão violenta entre o mais pobre e o mais rico. É um absurdo o que está a acontecer no Brasil, a forma como a desigualdade se instalou e neste Governo foi incentivada”.

Perante a ausência de um “impeachment”, a poetiza diz que agora prefere que Bolsonaro “saia no voto”, até para evitar a vitimização, “como a facada”.

Stefan Costa, do movimento coletivo Revolu, preferia não esperar pelas eleições de 2022, até porque “a vida não espera, as pessoas estão morrendo, estão passando fome”.

Uma das razões que levou esta ativista ao protesto foi questionar Arthur Lira, presidente da Câmara dos Deputados do Brasil, pela razão de não ter aberto nenhum dos pedidos de ‘impeachment’ contra Bolsonaro.

Queríamos entender porque não abriu nenhum dos pedidos de ‘impeachment’, de vários partidos, da sociedade civil, de movimentos sociais. A partir do momento que não abre o inquérito é cúmplice de tudo o que está a acontecer”, disse à Lusa.

E prosseguiu: “A gente tem mais de 600 mil mortos, 19 milhões de pessoas na linha da miséria, desemprego total. É impossível saber que há um evento desses para tratar de negócios e o povo a morrer de fome”.

Pedro Prola, jurista e coordenador do núcleo do PT em Lisboa, também insiste na questão do ‘impeachment’: “Arthur Lira engavetou mais de 150 pedidos”.

“O Brasil enfrenta uma verdadeira tragédia. Mais de metade da população está com insegurança alimentar. Hoje, voltou a fome em força. As pessoas estão comprando osso porque não têm dinheiro para comprar mais carne”, lamentou.

Para Pedro Prola, “em vez de estarem preocupados em resolver os problemas do povo, a preocupação deles é vir para a Europa tentar lavar a cara do Bolsonaro, num hotel de luxo, gastando dinheiro público”.

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