Por Luiz Antonio Simas –
Nilze Carvalho, João Bosco, Diogo Nogueira, a apresentadora Vera Barroso, Seu Monarco, Seu Wilson das Neves, eu e o Tiago Alves, radialista de responsa e filho do Paulinho Mocidade. Bastidores do Sem Censura sobre o centenário do samba.
Quando participo desses encontros, confesso que vibro mais com as conversas de bastidores que com a gravação. Fico só escutando os mais velhos, que não sou trouxa. Desta vez eu e Seu Monarco chegamos mais cedo. Quando posso, peço pra que ele cante o América do saudoso Lamartine, um samba que me arrebata. Ele cantou na encolha.
A história que mais gosto de ouvir dele é sobre o Coração em Desalinho. Seu Monarco acha que esse é o samba que mudou a sua vida, em virtude do sucesso estrondoso com o Zeca.
Os do samba sabem do babado, mas não custa relembrar. Originalmente, a primeira de Coração em Desalinho era um samba-enredo pro Jacarezinho, no ano em que a escola homenageou Paulo da Portela (1981). Chegando à quadra, Seu Monarco achou que o “o samba dos meninos do Jacarezinho era melhor que o meu. Aí eu tirei o meu da disputa e apoiei o deles” (vê se alguém hoje tira samba da disputa reconhecendo que o outro é melhor…).
Um dia, Seu Monarco fez a primeira de um samba: numa estrada dessa vida/eu te conheci, oh flor…
Mostrou para o Ratinho e confessou: Compadre Ratinho, eu acho que essa melodia é plágio. Eu acho que esse samba já existe. Tenho certeza que conheço ela, mas não lembro de onde.
Ratinho esclareceu: Monarco, essa melodia é tua. É a do samba do Paulo, que você fez pro Jacaré.
E era isso mesmo. Resumo da ópera: Ratinho veio com a segunda e Coração em Desalinho explodiu.
Na segunda-feira, depois de cantar a letra original do samba nos bastidores, Seu Monarco me disse:
– Olha isso, Simas. Se eu ganho com esse samba no Jacarezinho, se eu não tiro o samba da disputa, nem sei se estaria aqui hoje. É a vida.
Aqui vai o América do Saudoso Lamartine: