Dados reais: Revista Veja vende menos da metade do que informa

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Reprodução da divulgação da revista Veja ao mercado publicitário
Jornal GGN – Após o anúncio do fechamento de dez revistas, a editora Abril informou que concentrará a manutenção das publicações que somam maior audiência, entre elas a Veja. Desde então, vem aumentando a suspeita de que o número de tiragens da carro chefe da editora estava sendo inflado.
GGN foi atrás dos dados reais e revela que, ao contrário da histórica informação dada pela marca de que mantinha o patamar de 1 milhão de exemplares, a Veja alcança desde o início do ano menos da metade dessa distribuição: tem uma média de 435 mil tiragens da revista impressa.
Os números de mais de 1 milhão vêm sendo inflados desde que a leitura da revista passou a dominar o meio digital. Publicamente, logo após o anúncio do fechamento das edições, a Abril afirmou em nota oficial que as principais revistas somavam “5,2 milhões de circulação”.
“A empresa passará a concentrar seus recursos humanos e técnicos em suas marcas líderes: Veja, Veja São Paulo, Exame, Quatro Rodas, Claudia, Saúde, Superinteressante, Viagem e Turismo, Você S/A, Guia do Estudante, Capricho, MdeMulher, VIP e Placar. Marcas que somam audiência qualificada de 125 milhões de visitantes únicos por mês e 5,2 milhões de circulação nas versões impressa e digital por mês, além de centenas de eventos”, era o anúncio.
Sob o slogan de que “a VEJA continua sendo a maior, a mais influente e a mais prestigiada revista brasileira”, o site destinado à transparência das revistas da editora maquia ainda mais os dados: “São grandes os números que acompanham a marca. São 862 mil exemplares em circulação toda semana, sendo a maior entre as semanais de informação do Brasil e a segunda maior no mundo”.
A fonte utilizada é o IVC (Instituto Verificador de Comunicação), já acusado por jornalistas da prática de manipulação das auditorias de divulgação da Veja. Ainda em 2013, Paulo Nogueira acusava que a editora fazia um “esforço épico, e caríssimo” para “sustentar a carteira de assinantes da Veja na casa de 1 milhão”. “A real carteira, hoje, deve estar entre 100 000 e 200 000 exemplares”, acrescentou, à época [leia aqui].
No próprio Mídia Kit da Veja, destinado a resumir o cenário da revista ao mercado publicitário, a revista insiste em manipular os dados atuais. Note que a data dos supostos “exemplares” é de março deste ano:
E junto com estes dados, os veículos destinados a trazer informações sobre o mercado de comunicação e imprensa, como Meio & Mensagem e Portal Imprensa apenas reproduzem as comunicações positivas de que a tiragem da Veja aumentou no digital [leia aqui e aqui].
A REALIDADE DE VEJA
Mas para além da visão geral que a página “PubliAbril” traz, com a manipulação das tiragens, informando como base o IVC de Julho do último ano e outras métricas de acessos online, como o Google Analytics e seguidores das redes sociais, é possível verificar que a editora mistura os leitores digitais ao impresso para inflar os dados.
Os tais “exemplares” ou “circulação” consideram não só a revista impressa, como também o portal online. Somando os dois, as assinaturas atingiriam 799.591 no mês de junho de 2018:
Entretanto, quando selecionada a circulação da revista Veja em papel, os números são outros. O último dado que consta é de maio deste ano, quando a Veja obteve 452.310 assinaturas e 41.097 de revistas avulsas, que são as vendidas pelas bancas, somando um total de 493.407 tiragens impressas.
E o mês foi considerado relativamente bom se comparado à média deste ano, que ainda é pior. Os cálculos são de que de janeiro de 2018 até maio de 2018, foram vendidas 435.526 revistas Veja impressas, com apenas 408 mil assinantes e 27 mil compradas avulsas.
A circulação da revista na região Norte é a mais baixa, com 14.720. No posto de segunda pior venda está o Centro Oeste, com 43.978 tiragens. No Nordeste são 62.186 impressões compradas. E os melhores resultados estão no Sul, com 73.149 e no Sudeste, com a quantia mais significativa, de 299.310.

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