Por Carlos Eduardo Alves, Facebook –
Vamos ao DataFolha, sem entrar em detalhes trazidos pelas estratificações (amanhã serão analisadas). O mais notável é que o Brasil não é mesmo para amadores. É talvez o único país do mundo em que um esfaqueado tem a rejeição aumentada.
Falando sério, o que isso sugere? Que provavelmente Bolsonaro, se não tivesse sofrido o atentado do maluco de JF, teria batido em seu teto e, pior para ele, teria muita dificuldade para chegar ao segundo turno.
O efeito Tramontina parece estar passando e mesmo os dois pontos que ganhou não significam muita coisa, a não ser que tem um núcleo seguro por volta de 20%. Não se deve descartar que agora radicalize mais e os seus tentem armar alguma coisa como, por exemplo, tentar ligar o doidão da faca ao PT, como até agora não conseguiram.
Outra hipótese no tabuleiro maluco é posar de cordato atrás do que escapa de Alckmin. Contra a tese, o temperamento ignorante do candidato.
Outro fator notável foi a desabada de Marina, sempre prevista pelo boteco, mas não como tanta antecedência. Esperava-se que o sangramento ocorresse um pouco mais adiante, mas pelo DataFolha a disputa pelo espólio de Marina está aberta, com chance de boa colheita para Ciro.
O candidato do PDT insinuou, no levantamento, uma subida que deve alentar seu exército virtual. Cresceu, é fato, mas sabe que que a lógica indica imensa dificuldade de superar Haddad.
Não à toa, nos dois últimos dias, numa estratégia ensaiada e razoavelmente inteligente, seus apoiadores batem incessantemente na tecla única: a ordem unida é argumentar que só Ciro pode vencer Bolsonaro no segundo turno.
Os números do DataFolha, porém, esvaziaram a tese, já que Haddad já empata com o fascista em simulação da segunda rodada.
Chegamos a Haddad. Sem ser candidato, já embicou e chegou ao pelotão que disputa uma vaga no segundo turno. Com a formalização da candidatura amanhã, se o PT não enlouquecer, tende a crescer rapidamente.
Pelos dados do DataFolha, é muito difícil que Haddad, mesmo se ocorrer alguma coisa errada na campanha, não chegue a 20%. Nunca se deve descartar a capilaridade inigualável do PT, importante no dia da votação,. O representante do lulismo não chega ao segundo turno apenas se o PT errar muito.
Ah, e o Alckmin? Situação desesperadora. Voltar a bater em Bolsonaro?: Tentar o espólio de Marina? É o mato sem cachorro. Nada é impossível no Brasil de hoje, mas o PSDB está em hora dramática. Ciro pode até herdar alguma coisa se ocorrer de fato o desmanche de Alckmin, mas uma boa parte deve correr para o rio de Bolsonaro.
Enfim, começa a se clarear muita coisa. Bolsonaro não é imbatível e o efeito Tramontina não foi devastador, Ciro vai tentar se segurar, mas existem de fato duas grandes notícias: Marina faz água e Haddad chega forte antes mesmo de ser candidato.