Mobilização foi maior do que no dia da declaração de apoio de Anitta a Lula. Comunidade independente ainda protagonizou a defesa do voto útil
Por Edgard Piccino e Plínio Teodoro, compartilhado da Revista Fórum
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Levantamento DataFórum desta sexta-feira (9) revela que, considerados como a última cartada eleitoral de Jair Bolsonaro (PL), os atos de 7 de Setembro em Brasília e no Rio de Janeiro isolaram ainda mais o presidente, que saiu como grande derrotado e agora tenta reverter a repercussão negativa da misoginia contra a própria esposa fora de sua bolha.
Um dos destaques da pesquisa desta sexta-feira é a quantidade de citações que a comunidade Cultura de Rede, que não é lulista, mas que é antibolsonarista, obteve: 37%, porcentagem superior da comunidade bolsonarista, que obteve 29% das menções.
Para comparação, no dia em que Anitta declarou voto em Lula (PT) essa comunidade respondeu por 21% das interações.
Juntamente com os lulistas, que somaram 24% das interações, Bolsonaro e sua comunidade de apoiadores ficaram encurralados por 61% das interações neste universo, com críticas desde ao “imbrochável” e também ao discurso de adulação à realeza britância.
Rainha Elizabeth aguentou tudo na vida, guerras, mortes de papa, vários governos…
— Dayane Neves (@aday_neves) September 8, 2022
Mas aguentar Bolsonaro gritar imbroxável no 7 de setembro foi demais, ela preferiu a morte.
O luto de 3 dias decretado pelo Presidente em razão da morte da Rainha Elizabeth II gerou indignação e foi comparada com sua atitude de indiferença com os quase 700 mil mortos pela Covid. Houve ainda tiradas sarcásticas, afirmando que a Rainha Elizabeth conseguiu passar por crises, guerras e pandemias, mas não resistiu aos 4 anos de Bolsonaro.
Caralho 3 dias de luto oficial pela morte da rainha elizabeth, imagina se o Brasil tivesse perdido quase 700k de brasileiros pra covid o que esse maluco não faria https://t.co/TZ3jiZnhv0
— vittor (@vittorlnx) September 8, 2022
Atuando como linha auxiliar de Bolsonaro na campanha, com ataques sistemáticos a Lula, Ciro Gomes (PDT) foi duramente criticado, sendo responsabilizado pela sobrevida política de Bolsonaro. Nessa comunidade, o clamor pelo voto útil teve maior repercussão que entre os lulistas
O Bozo: "sou imbrochável"
— Ciro Prado ❁ (@meupaiseursal) September 7, 2022
O painho: "tenho o tesão de um jovem de 30 anos"
O Ciro: "tenho um Projeto Nacional de Desenvolvimento".
Se @cirogomes não vencer estas eleições, vou me sentir num episódio dos Simpsons.
O embate praticamente anulou a ação dos ciristas no universo político do Twitter, que ocuparam apenas 3% do metaespaço. O esforço foi para tentar se vacinar, com ajuda de celebridades de mídia, contra uma possível onda de voto útil.
Foram analisados 1.137.021 tweets a partir das seguintes autoridades pesquisadas: ‘Lula’, ‘Bolsonaro’, ‘Ciro’, ‘Moro’, ‘Alckmin’, ‘Eduardo Leite’ e ‘Simone Tebet’.
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Comunidade Cultura de Rede critica hipocrisia de Bolsonaro em torno da morte da Rainha
A repulsa ao Bolsonaro dominou as redes e formou a maior comunidade do dia de ontem. O luto de 3 dias decretado pelo Presidente em razão da morte da Rainha Elizabeth II gerou indignação e foi comparada com sua atitude de indiferença com os quase 700 mil mortos pela Covid.
Rainha Elizabeth II aguentou muita desgraça desse mundo. Mas 4 anos de governo Bolsonaro foi demais pra ela.
— vivendo ou esperando por tár? (@doubtingvenus) September 8, 2022
Houve muitas tiradas sarcásticas, afirmando que a Rainha Elizabeth conseguiu passar por crises, guerras e pandemias, mas não resistiu aos 4 anos de Bolsonaro. O “imbrochável” foi motivou um grande repúdio nas redes. Ciro não foi poupado e foi duramente criticado, sendo responsabilizado pela sobrevida política de Bolsonaro e o voto útil foi novamente pregado.
vc que vai votar no ciro gomes eu te desejo o pior desse mundo por querer me fazer aguentar mais 28 dias dessa palhaçada https://t.co/xBTCx5anMS
— 𝖆𝖓𝖆 𝖊 (@bobydgelyi) September 7, 2022
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Bolsonaristas retomam discurso de associar Lula com o crime organizado
Bolsonaro lamentou a morte da Rainha Elizabeth II se colocando como súdito. A imprensa nacional foi muito criticada por ressaltar o uso político do 7 de Setembro e foi rechaçada a apropriação dos símbolos nacionais pelo Bolsonarismo.
– Muitas vezes, a eternidade nos surpreende, tirando de nós aqueles que amamos, mas, hoje, foi a vez da eternidade ser surpreendida, com a gloriosa chegada de Sua Alteza a Rainha do Reino Unido. Que Deus a receba em sua infinita bondade e conforte sua família e o povo britânico.
— Jair M. Bolsonaro (@jairbolsonaro) September 8, 2022
Novamente foi comemorado a propaganda de TV do Bolsonaro que associa Lula à criminalidade. O “datapovo” com imagens do 7 de Setembro foi bastante disseminado na comunidade.
– VOSSOS PEITOS, VOSSOS BRAÇOS, SÃO MURALHAS DO BRASIL! 🇧🇷 pic.twitter.com/xLTwxn3KzR
— Jair M. Bolsonaro (@jairbolsonaro) September 7, 2022
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Lulistas criticam uso de verba público em atos do 7 de Setembro
Lulistas centraram críticas ao uso de dinheiro público e sequestro da data cívica do 7 de Setembro para fazer palanque por parte de Bolsonaro. Vários destaques desta comunidade denunciaram possíveis crimes eleitorais ao tornar as comemorações do Dia da Independência atos de campanha eleitoral.
Está consumado. Em seus comícios em Brasília e no Rio, Bolsonaro cometeu crime eleitoral, improbidade administrativa, e agrediu a Constituição — tudo aquilo que parecia que ele iria fazer. E ele realmente fez: usou recursos públicos, mobilizados para a solenidade do 07/9,
— Reinaldo Azevedo (@reinaldoazevedo) September 8, 2022
Ainda houve destaque aos ataques do governo a programas sociais, como o corte de 60% no programa Farmácia Popular e teve boa circulação vídeos institucionais de campanha, em especial o que retrata a desinformação bolsonarista como “velhos fantasmas”.
Acabo de ler nos jornais dessa manhã um absurdo verdadeiro: após fazer das comemorações da Independência seu palanque eleitoral, Bolsonaro determinou o corte de quase 60% dos recursos para o Farmácia Popular.
— Geraldo Alckmin 🇧🇷 1️⃣3️⃣ (@geraldoalckmin) September 8, 2022
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Ciristas fazem campanha contra o voto útil
O cirismo tentou se vacinar, com ajuda de celebridades de mídia, contra uma possível onda de voto útil no 1º Turno.
Verdades q não se anulam:
— Leonardo Lopes (@leonardo1opes) September 8, 2022
– Lula é um bandido mentiroso
– Lula fez alguns avanços sociais
– Bolsonaro é um boçal irresponsável
– Bolsonaro segurou a economia melhor q muitos países
– A imprensa tem um papel fundamental na sociedade
– Muitos jornalistas militam e manipulam fatos
O levantamento de hoje mostrou que Ciro elenca Merval Pereira entre seus destaques para falar que silenciar a crítica a ambos os candidatos que estão na dianteira na disputa é autoritarismo. Isso em um cenário em que o cirismo mira em Lula como principal alvo de suas críticas.
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