Por Felipe Guarnieri, Esquerda Diário –
Todos ficaram horrorizados com a brutalidade do crime que matou Luis Carlos Ruas no Domingo de Natal, na estação Pedro II do Metro-SP.
Um crime movido a ódio contra os homossexuais e uma moradora de rua transsexual, justamente a quem Luis foi defender com extrema coragem e com certeza será sempre lembrado por todos lgts.
De quem é a culpa?
Nas redes sociais muitas publicações se apressaram em responsabilizar os funcionários do Metro, da Estação e segurança, dizendo que não havia ninguém para impedir o que aconteceu. Colocando a culpa do ocorrido nos trabalhadores metroviários.
Em primeiro lugar, a culpa é do ódio que existe no país onde a homofobia não é crime. O ódio disseminado por políticos como Malafaia e Bolsonaro, que vivem de privilégios de cotidianamente incentivam a criminalização dos LGBTs, utilizando -se de um falso discurso religioso para ganhar dinheiro com suas igrejas e manipular a população.
Depois, o fato de não ter ninguém na estação, não tem outro motivo, do que já muito denunciado pelos metroviários , que é a política de privatização de Alckmin que está acabando com o quadro de funcionários do Metro. Não é somente em Pedro II que há apenas 3 ou 4 funcionários trabalhando para dar conta de uma estação inteira, mas em todos os lugares.
Nós metroviários somos totalmente solidários aos familiares de Luis e repudiamos esse crime de ódio que aconteceu no Metro, assim como repudiamos a política de privatização de Alckmin que deixa em risco os funcionários e a população!
Reproduzimos abaixo a nota do Sindicato dos Metroviários a respeito do assassinato:
NOTA DO SINDICATO DOS METROVIÁRIOS SOBRE CRIME DE ÓDIO OCORRIDO NA ESTAÇÃO PEDRO II
O Sindicato dos Metroviários de SP manifesta seu total repúdio e indignação contra o assassinato do Sr. Luiz Carlos Ruas, camelô há 20 anos nos arredores da estação Pedro II, vítima de crime de ódio com motivação lgbtfóbica.
Luiz Carlos foi vítima na noite deste Domingo (25/12), de mais um crime torpe.
O Sr. Carlos ao se deparar com dois agressores a um homem gay, que posteriormente juntou-se a sua outra amiga travesti, dirigiu-se aos agressores dizendo que não havia motivo para tal violência. Os agressores, então, passaram a direcionar os ataques com socos e pontapés no próprio ambulante. Esse correu para dentro da estação Pedro II na tentativa de um socorro, mas infelizmente não conseguiu escapar do ódio dos agressores e faleceu no local. Os assassinos evadiram-se da estação e estão foragidos.
No Brasil um LGBT é assassinado a cada 28h, segundo estatísticas e, infelizmente, nos espaços físicos do metrô, seja nos trens, estações ou seus arredores, acontecem atos de violações aos direitos humanos como racismo, agressões e assédio sexual às mulheres e lgbtfobia, aqui chegando aos crimes de ódio como esse ocorrido na estação Pedro II.
Os Metroviários se solidarizam e se juntam aos familiares de Luiz Carlos, assim como a toda comunidade e militância LGBT, contra esta e todas as violações aos Direitos Humanos, agressões e mortes que tem vitimado milhares de Brasileiros simplesmente por serem o que são na sua orientação sexual e identidade de gênero.
Sabemos que os crimes de ódio e os crimes com requintes de crueldade atingem principalmente a comunidade LGBT, negros e mulheres. Sabemos também que infelizmente, esses crimes têm crescido por conta de setores da sociedade que a todo tempo destilam seus discursos de ódio e intolerância nas redes sociais, nos meios de comunicação e em setores importantes da sociedade brasileira que não consegue enxergar na maioria das vezes tais falas preconceituosas, que incentivam assassinatos como esse ocorrido em um espaço público, como são as estações do Metrô.
O Sindicato dos Metroviários também se manifesta e esclarece que no momento da ocorrência não havia nenhum segurança do Metrô no local. E não havia por um simples motivo: Não há funcionários nas estações e no corpo de segurança para atender as ocorrências, não há quadro funcional suficiente para cobrir todas as estações em todos os turnos de trabalho em todas as 20h em que o Metrô permanece aberto nos 365 dias do ano. Responsabilizamos o governo Alckmin e a direção da empresa por esse trágico episódio.
Este Sindicato há muito vem solicitando ao governo do estado que haja mais contratações de funcionários, para que possam atuar nas centenas de ocorrências com os usuários que utilizam o transporte Metroviário todos os dias. E neste sentido conclamamos a sociedade paulistana para que se engaje nesta importante solicitação, pois os usuários e metroviários correm risco de morte e têm o serviço negligenciado pelo governo do estado com a drástica redução do quadro de funcionários. Não se trata de corporativismo, estamos lutando por um serviço de qualidade para os nossos usuários, para que crimes como esses possam ser evitados nas portas de nossas estações e trens, que o usuário possa novamente ser transportado com segurança numa cidade cada vez mais caótica do ponto de vista da segurança pública.
Enquanto saem matérias na grande mídia, mostrando déficit de funcionários, enquanto pesquisas apontam que os usuários do Metrô pedem mais funcionários, mais investimentos, Alckmin com sua pressa para privatizar o Metrô, deixa de investir, precariza, e ao invés de contratar pretende demitir mais de 600 metroviários através de PDV, tudo para justificar a privatização. E quem sofre com isso, principalmente, são os usuários que cotidianamente se deparam com situações dramáticas, caóticas, chegando a esse ponto de brutalidade dentro de uma estação do Metrô, que também coloca em risco os funcionários devido às condições de trabalho e pouco quadro.
Para finalizar, reafirmamos nosso empenho em lutarmos por um transporte cada vez mais rápido, seguro e confiável, lema que este sindicato espera não seja a marca de um passado longínquo.
Oferecemos nossos sentimentos e nosso apoio aos familiares da vítima e apresentamos aqui nosso repúdio a essa atitude brutal dos assassinos e a essa atitude omissa do Governo Alckmin e da Cia do Metrô também, pois no Decreto 61.466 de setembro de 2015, que proibe contratações, há um parágrafo que autoriza contratação se os dirigentes do órgão público justificar e fundamentar a necessidade.
Sindicato dos Metroviários SP.